O crescimento do Mercado Livre segue sem dar sinal de exaustão — ao contrário. No primeiro trimestre deste ano, a companhia registrou o maior aumento percentual no número compradores únicos em quatro anos, com alta de 25%, para 67 milhões. No mesmo período, teve lucro líquido de US$ 494 milhões, 44% acima do registrado um ano antes. A receita líquida avançou 37%, para US$ 5,9 bilhões.
O destaque do resultado foram as operações na Argentina, onde a companhia aumentou seu volume bruto de vendas (GMV) em 126%, com alta de 52% no número de itens vendidos em relação ao ano passado. No Mercado Pago, o volume total de pagamentos no país saltou 144%, em bases cambiais neutras.
“Estamos superotimistas com o potencial da Argentina, tanto na parte de e-commerce quanto na parte de fintech”, diz Richard Cathcart, diretor de Relações com Investidores do Mercado Livre, ao NeoFeed.
Boa parte dessa confiança vem das perspectivas macroeconômicas mais favoráveis sob o governo do presidente Javier Milei. “Passamos alguns anos com o consumidor argentino pressionado, por conta da inflação e do crescimento baixo do PIB. Agora, parece que vários desses problemas estão sendo endereçados.”
Cathcart, no entanto, descarta que o crescimento seja fruto apenas do vento favorável. “Estávamos muito bem preparados para ter uma demanda crescente quando ela aparecesse – e isso apareceu agora no primeiro trimestre.”
Como parte do plano de investimento anunciado em abril, o Mercado Livre vai investir US$ 2,6 bilhões na expansão das atividades na Argentina neste ano, além de R$ 34 bilhões no Brasil. Os aportes devem reforçar uma área estratégica para a companhia: a logística.
“Continuamos abrindo novos centros de distribuição. Isso significa que estamos cada vez mais perto do consumidor, o que nos permite entregar com mais rapidez. Acreditamos que a logística rápida é uma das ferramentas mais poderosas que temos para trazer mais compradores e compras do varejo físico para o mundo online”, afirma Cathcart.
No Brasil, o GMV cresceu 30%, em bases cambiais neutras. Embora em níveis bem inferiores aos da Argentina, as operações brasileiras têm dado impulso à frente de crédito do Mercado Pago, cuja carteira cresceu 75% no trimestre, para US$ 7,8 bilhões.
Apesar dos juros elevados, com a Selic no maior patamar desde 2016, a companhia não pretende desacelerar. “Não vimos nenhum sinal na nossa carteira de uma piora na qualidade dos ativos”, afirma o executivo. Segundo ele, o foco está nos próprios compradores do marketplace, o que garante uma vantagem competitiva. “É isso que nos dá conforto para emitir cartões de crédito.”
As ações do Mercado Livre encerraram o pregão desta quarta-feira, 7, com alta acumulada de 33% no ano. Com valor de mercado de US$ 115 bilhões, a empresa é a mais valiosa da América Latina. A Petrobras, segunda mais valiosa da região, tem valor de mercado 40% inferior.