As assessorias têm evoluído para serem um hub de soluções financeiras para seus clientes, tanto pessoa física como jurídica. Em meio a isso, tem evoluído as boutiques de investimento dentro dessas empresas de wealth, trazendo soluções de crédito para empresários e oportunidade de investimento para os portfólios, como club deals.

Essas boutiques estão dando a empresas de middle market, de seus clientes empresários, acesso ao mercado como uma alternativa de capital, que antes vinha apenas do financiamento imobiliário. Já que os grandes bancos não se interessam por essas operações menores.

Os papéis mais estruturados são CRIs, CRAs e FIDCs. E resolvendo essa dor, as empresas conseguem fidelizar o cliente em seu wealth management. “Conhecemos os donos. São empresas familiares boas, com excelente governança, mas que estão longe do radar dos bancos. Ao levar uma ideia que ajuda o negócio dele, ele se torna um cliente fiel que demanda várias outras soluções”, diz Bernardo Assumpção, CEO da Arton Advisors, com R$ 8,5 bilhões sob assessoria, ao Wealth Point.

Por outro lado, esses títulos de crédito se tornam produtos exclusivos das wealths para seus clientes mais sofisticados, que buscam investimentos de maior retorno. “A maioria dos produtos de investimento se tornou 'commoditizado', hoje todas as plataformas têm as mesmas coisas. Poder oferecer algo mais interessante, que tem o nosso carimbo de estruturação, é um grande diferencial competitivo no mercado de wealth”, afirma Evandro Bertho, sócio-fundador da Nau Capital, com cerca de R$ 6 bilhões sob assessoria.

Com essa sinergia entre os negócios, muitas assessorias de investimento criaram nos últimos anos uma área de DCM ou de mercado de capitais, ou mesmo já nascem com ela, como no caso da Arton Advisors e da Nau Capital.

Esse movimento tem ajudado as empresas de médio porte a acessarem o mercado de capitais. Mas, como em qualquer mercado em estágio de amadurecimento, gera preocupações com a qualidade dos papeis emitidos.

“Nunca se emitiu tantos CRIs, CRAs, FIDCs e isso é ótimo. Mas neste momento de juros altos, se houver dificuldade de pagamento é preciso ir atrás das garantias. E se elas não tiverem tão amarradas?”, diz Assumpção. “Existe muita vontade de se fazer negócio. Mas ainda iremos testar a qualidade dessas emissões.”

Outra operação que tem crescido nessas boutiques de investimento são os club deals. Nelas, vários investidores se reúnem para fazer um investimento privado em um ativo real, como empresas, terrenos e imóveis. É um tipo de investimento de private equity, que pode ser feito com gestoras ou apenas com um grupo de pessoas físicas.

“São operações cada vez mais comuns, que geram deals com bons retornos, mas que não tem a intermediação de grandes bancos por ser pequeno demais para serem distribuídos em larga escala”, afirma Bertho.