Fruto de uma joint venture entre a Nestlé e a fabricante de sorvetes europeia R&R, formada em 2016, a Froneri é a produtora dos sorvetes da marca suíça, como Prestígio e Sensação, além de licenciar os produtos da Mondelez, como Oreo, e da marca de balas brasileira Fini.
No Brasil, a Froneri é a segunda maior fabricante de sorvetes do País em vendas, atrás da Kibon, mas quer brigar pelo topo desse ranking. E, para isso, preparou um "pote" de mais de R$ 155 milhões de investimentos, para sustentar o crescimento de sua capacidade produtiva e alcançar novos mercados.
“Em marcas, estamos muito bem posicionados, mas precisamos nos estabelecer em infraestrutura e estamos investindo para fortalecer nossa capacidade e garantir a qualidade dos produtos”, diz Airton Pailares, country manager da Froneri no Brasil, ao NeoFeed.
Do total dos investimentos, a Froneri está destinando R$ 100 milhões para ampliar a quantidade de geladeiras com seus produtos nos próximos três anos. O plano prevê aumentar a base de freezers em 20% ao ano, para avançar principalmente no chamado mercado de impulso — de picolés vendidos em mercados, restaurantes e bancas, para serem consumidos na hora.
O mercado de sorvetes é dividido em três categorias de produtos: take home, impulso e sorvetes voltados para gelaterias — este último segmento em que a Froneri não tem grande participação. No mercado de take home, a empresa se tornou líder da categoria em 2023, ao atingir uma participação de 21,7%, segundo dados da NielsenIQ.
Pailares atribui esse resultado à diversificação de produtos para além dos tradicionais potes de sorvete, com o lançamento, em 2020, dos chamados multipacks. São pacotes com três a quatro picolés para serem consumidos em casa — formato bastante consumido na Europa e nos Estados Unidos — e que vem ganhando tração no Brasil.
“Nós lançamos esse produto e houve um forte crescimento, com sua representatividade saindo de 1% para quase 10% do faturamento do take home”, diz Pailares.
No caso do mercado de impulso, além das marcas, ter mais freezers é visto como fundamental para competir no Brasil, que conta com diversas marcas de sorvetes regionais. Por mais que a principal competidora da Froneri seja a Unilever, dona da Kibon, o País conta com mais de 11 mil empresas, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (Abis).
Junto com os investimentos em freezers, a Froneri pretende destinar quase R$ 55 milhões para construir uma câmara fria dentro da fábrica que possui em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Pailares conta que a companhia está locando espaços de armazenamento com parceiros, e a ideia é ter a câmara fria pronta no ano que vem — que terá a capacidade de armazenar mais de 8 mil pallets.
“Isso vai ajudar muito em termos de qualidade, porque o produto vai sair da fábrica e ir para uma câmara interna nossa, gerando ganhos de agilidade, custos e na sustentação do crescimento da operação”, afirma.
Segundo Pailares, os investimentos demonstram a importância que o mercado brasileiro de sorvetes tem para a Froneri, que movimentou cerca de R$ 18,4 bilhões em 2024, um aumento de 8,3% em relação ao período anterior, de acordo com a Euromonitor. A estimativa da consultoria é que o mercado atinja o valor de R$ 19,5 bilhões neste ano, alta de 5,8% em base anual.
Ele não informa quanto a empresa fatura no Brasil, mas diz que o País foi um dos mercados que mais cresceu nos últimos três anos — ainda que esteja atrás da Europa e dos Estados Unidos em termos de relevância para a receita.
Atualmente, a companhia tem operações em 25 países, empregando mais de 12 mil pessoas. No ano passado, a Froneri registrou um lucro operacional de € 814 milhões, alta de 53,6%, e uma receita de € 5,5 bilhões, aumento de 4,5%. “O Brasil vem numa jornada muito boa, praticamente dobramos o negócio em cinco anos”, diz Pailares.
Desde que assumiu as operações da Nestlé no País, a Froneri modernizou e ampliou a única fábrica de sorvetes que a companhia suíça tinha, adicionando quatro novas linhas — uma delas exclusiva para os Estados Unidos, para onde exporta picolés de fruta desde a pandemia.
A unidade tem capacidade para fazer 423 milhões de picolés e 100 milhões de potes de sorvete por ano. “O Brasil é um dos mercados prioritários para a Froneri, com muito potencial para crescer em relação aos patamares atuais”, afirma Pailares. “Nossa ambição é conquistar a liderança de mercado.”