A Unilever deixou Londres, na Inglaterra, de lado, ao escolher a bolsa de Amsterdã, na Holanda, para hospedar a listagem primária das ações de seu negócio de sorvetes, que será desmembrado da operação do grupo ao longo de 2025.
A decisão, anunciada por meio de um comunicado enviado ao mercado na quinta-feira, 13 de fevereiro, se deve ao posicionamento da sede da companhia, que está nos Países Baixos. Isso não significa que as ações da nova empresa não serão negociadas em Londres, já que os papéis também serão registrados por lá (e também na bolsa de valores de Nova York).
“Eu gostaria que a Unilever tivesse listado no Reino Unido”, disse Jonathan Reynolds, secretário de negócios do Reino Unido, acrescentando que o país precisa fazer mais para atrair grandes listagens. “Fazemos muito trabalho conversando com várias empresas para garantir que compreendam o desejo político de que venham para o Reino Unido. E há mais a ser feito”.
A decepção do secretário faz sentido. A nova companhia, que será formada pelas marcas Magnum e Ben & Jerry’s, gera mais de € 8 bilhões em receita anual para a Unilever atualmente.
Jean-François van Boxmeer, presidente da Vodafone, será o presidente do negócio de sorvetes, que deixou o portfólio do grupo como parte do processo de reestruturação da companhia, que inclui o corte de 7.500 empregos.
“Isso não é um desprezo a Londres ou ao Reino Unido”, afirmou o CEO da Unilever, Hein Schumacher. Segundo o executivo, a empresa deu garantias ao governo holandês em 2020 de que uma futura cisão seria listada nos Países Baixos e que queria honrar com esse compromisso.
Mesmo assim, Schumacher afirmou que o centro global de pesquisa e desenvolvimento de sorvetes permanecerá no Reino Unido e que a fábrica em Gloucester continuará operando normalmente. “Somos uma empresa do Reino Unido. Estamos muito comprometidos com o sucesso do país”, afirmou.
No processo de reestruturação, a Unilever ainda tem passos a cumprir. Schumacher afirmou em novembro que venderia marcas alimentícias menores e com desempenho abaixo do esperado, totalizando cerca de £ 1 bilhão em receita. Esse processo segue em andamento.
Em 2024, as vendas do grupo cresceram 4,2%, em comparação a uma expectativa de 4,3% do mercado, de acordo com o balanço financeiro divulgado na quinta-feira, 13 de fevereiro. No mesmo período, o faturamento aumentou 1,9%, para € 60,8 bilhões.
“O crescimento do mercado, que desacelerou ao longo de 2024, deve permanecer fraco na primeira metade de 2025”, disse Schumacher.
Com os anúncios, as ações da Unilever perdiam quase 7% de seu valor no pregão de Londres. O valor de mercado da empresa é de US$ 146,2 bilhões.