A crise do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) avançou mais uma casa na segunda-feira, 30 de junho, quando Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, publicou um vídeo, nas redes sociais, para rebater críticas do governo sobre a derrubada da medida do IOF pelo Congresso na semana passada, quando o Planalto foi humilhado na votação.

"Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria do IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no Parlamento", disse Motta no vídeo, em que é filmado com a camisa do Flamengo.

A resposta do governo chegou na sequência, durante evento no Palácio do Planalto para o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar. O ministro Fernando Haddad voltou a dizer que as medidas da Fazenda são para atingir o “andar de cima”. E reforçou que o governo vai combater os chamados "jabutis" – benefícios incluídos na legislação que favorecem grupos específicos, especialmente empresários.

Há quatro meses, Motta esteve mais próximo do Planalto. Ainda era fevereiro, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, abriu uma frente de negociação com o Motta de projetos de interesse do governo.

Na época, como mostrou o NeoFeed, Alckmin procurou Motta para pedir urgência ao projeto “Acredite Exportação”, que mudava parte do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. O parlamentar concordou e o texto foi aprovado.

De lá para cá, Alckmin e Motta não mais se reuniram. No início por causa de agendas distintas. Nos últimos 40 dias, o motivo da falta de diálogo esteve circunscrito à crise entre governo e Congresso depois do aumento do IOF.

Alckmin não é o único a se afastar das negociações, que estavam restritas até o momento do rompimento aos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann - com o poder de negociação na liberação de emendas.

Além da interrupção do diálogo, a crise do IOF tem atrapalhado até mesmo a divulgação de medidas que já estavam no forno, como a que prevê regras para implementação dos data centers, que tem potencial de investimentos de R$ 2 trilhões em 10 anos.

O problema é que a crise do IOF não tem hora para acabar.