Te cuida, Amazon. O Facebook, de Mark Zuckerberg, anunciou a maior ofensiva para roubar uma fatia do império de Jeff Bezos no comércio eletrônico.
Nesta terça-feira, 19 de maio, entrou no ar o Facebook Shops, que permite que pequenos comerciantes montem uma loja online no Facebook e no Instagram.
O aplicativo permite a interação entre comprador e vendedor por meio das ferramentas de comunicação do Facebook, como o Messenger e o WhatsApp, e conta também com um sistema sistema de pagamento completo nos Estados Unidos.
Zuckerberg espera que possa fazer frente à Amazon com o Shops. E força, para isso, ele tem. A rede social conta com 2,6 bilhões de usuários ativos.
Em entrevista ao jornal britânico Financial Times (FT), Zuckerberg disse que acelerou os planos do Shops para aproveitar o boom das compras online durante a crise do coronavírus.
O fundador do Facebook explicou também que pretende usar os dados para melhorar seu serviço de publicidade e cobrar mais por isso.
"Se você procurar uma loja dentro do nosso aplicativo ou comprar algo, esperamos usar essa informação para mostrar melhores recomendações de outras coisas que podem lhe interessar no futuro", disse Zuckerberg ao FT.
O Facebook vai cobrar uma taxa para processar os pagamentos de cartão de crédito. Outra fonte de receita será os anúncios. A expectativa é que os vendedores paguem mais para melhor posicionar seus produtos na plataforma.
Zuckerberg disse, no entanto, que não está tentando replicar a "experiência completa da Amazon". Em vez disso, seu modelo será algo mais parecido com o da Shopify, empresa com a qual fez parceria e que ajuda pequenos negócios a criar lojas online e a cuidar da parte de dados e de pagamentos.
O fundador do Facebook revelou também que a estratégia é incorporar serviços de logística e de entregas. No futuro, opções de delivery de restaurantes possivelmente devem ser incluídas na plataforma.
Depois da Amazon, o WeChat
Com a chegada do Shops, o Facebook dá mais um passo em direção ao superaplicativo chinês WeChat. Com um bilhão de usuários ativos, o aplicativo é um ecossistema completo: o usuário não precisa acessar outras telas ou serviços para fazer tarefas como agendar um horário no cabeleireiro, enviar dinheiro a um parente ou comprar um sapato.
"Acho que essa é uma grande novidade para os influenciadores. O tempo irá dizer como essa ferramenta vai impactar nas mudanças das marcas", tuitou Steven Barlett, especialista em redes sociais.
Quem também vê potencial na novidade do Facebook é a investidora, consultora e advogada americana Moe Odele. "Se alguém precisa de um 'bico' virtual, minha sugestão é que explorem o Facebook Shops. Entenda o produto e depois ofereça consultoria às pessoas que querem operar seus empreendimentos ali", postou na rede de microblogs.
Com direito a programas de fidelidade e outros mecanismos de retenção de cliente, o Shops deve mudar a cara do e-commerce mundial. Mas as etapas de operação ainda não estão desenhadas: Zuckerberg disse que a plataforma pode já operar nos EUA e algumas partes da Europa Ocidental, onde a companhia já conta alguns mecanismos de controle de segurança.
"Nos países onde essa infraestrutura ainda não está disponível, isso se torna um desafio para a implementação do Shops", declarou Zuckerberg.
Em longo prazo, parte da segurança deve ser feita pela própria comunidade, com vendedores sendo avaliados publicamente por sua postura e entrega.
Sem data para estreia no Brasil, a ferramenta já conta com um milhão de pequenos empreendedores cadastrados nos Estados Unidos. Neste primeiro momento do Shops, o mecanismo funciona em parceria com Shopify, BigCommerce, Woo, Channel Advisor, CedCommerce, Cafe24, Tienda Nube e Feedonomics.
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