Depois de um período duramente impactado pela pandemia e por uma joint venture frustrada com a Boeing, a Embraer vem buscando estabilizar e preservar seu espaço no mercado global de aviação. E nessa jornada, há lugar para projetos que abrem novos horizontes para a companhia.
Fruto de um spin-off da Embraer X, seu braço de inovação, a Eve Urban Air Mobility Solutions anunciou na manhã desta terça-feira, 1º de junho, um acordo com a americana Halo, empresa de serviços personalizados de helicóptero e mobilidade urbana.
Além do desenvolvimento de produtos e serviços de mobilidade aérea urbana, a parceria envolve um pedido de 200 unidades do veículo elétrico de pouso e decolagem vertical (eVTOL) da fabricante brasileira.
Trata-se do primeiro contrato assinado pela Eve. As primeiras entregas estão previstas para 2026. O acordo inclui o desenvolvimento de uma operação baseada no “carro voador” da Embraer nos mercados dos Estados Unidos e do Reino Unido.
“Esta parceria é um passo importante para a Eve assumir sua posição como líder global na indústria de mobilidade aérea urbana. Estamos prontos para construir o futuro da mobilidade”, afirmou, em nota, Andre Stein, CEO da Eve.
Diretor do Directional Aviation, fundo de investimento por trás da Halo, Kenneth C. Ricci acrescentou: “A Eve está projetando uma aeronave que está bem preparada para a certificação inicial e, além disso, apresenta um histórico comprovado de produção.”
Um dos pontos a serem explorados com a parceria é o trabalho que a Eve já desenvolve como líder de um consórcio no Reino Unido que busca solucionar questões regulatórias e operacionais para viabilizar as operações de eVTOL em Londres.
O acordo também prevê a colaboração no desenvolvimento do sistema de gestão de tráfego aéreo urbano da Eve, além de ofertas de serviços e operações de frotas.
Com um projeto anunciado em 2017 e parcerias com empresas como a Uber, o “carro voador” da Embraer ainda está em fase de desenvolvimento. Nessa trajetória, a empresa destaca alguns marcos do protótipo, como o primeiro voo virtual do modelo, por meio de um simulador, em julho de 2020. O plano é que o veículo tenha uma velocidade entre 200 e 250 km/h, com autonomia de 100 km.
Outras gigantes do setor também estão investindo na categoria. Um dos exemplos é a franco-germânica Airbus, cujo projeto de eVTOL, batizado de CityAirbus, fez seu primeiro voo público de demonstração, pilotado remotamente, em julho do ao passado, na Alemanha.
A lista de companhias que estão explorando esse espaço inclui ainda nomes como as americanas Jaunt Air Mobility, que é de Nova Jersey e também tem parceria com a Uber, e Sabrewing e Archer, ambas com origem no Vale do Silício.
Enquanto tenta marcar terreno nessa nova arena, a Embraer cumpre um roteiro de recuperação no mercado de capitais. As ações da empresa, avaliada em R$ 12,8 bilhões, acumulam uma valorização de 95,25% em 2021.
No primeiro trimestre desse ano, a Embraer reportou um crescimento na receita líquida de 55%, para R$ 4,4 bilhões. Entretanto, a companhia divulgou um prejuízo líquido ajustado de R$ 522,9 milhões, contra os R$ 433,6 milhões registrados em igual período, um ano antes.