Na manhã de hoje, a XP Inc. divulgou um comunicado enviado à SEC no qual mostrava que sua rede de agentes autônomos cresceu de 8,3 mil para 8,8 mil, do último trimestre de 2020 para o primeiro trimestre de 2021; e revelou que, enquanto a indústria adicionou 2,3 mil novos agentes autônomos no ano passado, 1,8 mil foram para a XP.
Por último, ressaltou que conseguiu reter 80% dos ativos sob custódia dos escritórios que deixaram a plataforma a caminho do BTG Pactual, o seu maior concorrente nesse mercado. Nos últimos meses, a empresa de Guilherme Benchimol perdeu quatro deles para o banco de André Esteves: EQI, Lifetime, Arton Advisors e Acqua-Vero.
O movimento da XP com o comunicado teve um claro objetivo: mostrar que o BTG está pagando caro, mas não está levando. Mas, como seguro morreu de velho, a XP não pretende ficar parada dizendo que está “tudo muito bem, obrigado”. Ela está adotando a mesma tática de seu rival, a de chamar o escritório de agentes autônomos para ser sócio em uma corretora de investimentos.
No domingo, 30 de maio, a XP anunciou sociedade com a Messem, que conta com R$ 15 bilhões sob custódia. Pelo acordo, a XP tem 49,9% da nova empresa e a Messem, 50,1%. Pois agora, a XP, com R$ 715 bilhões sob custódia no primeiro trimestre de 2021, resolveu fazer o mesmo com a Monte Bravo Investimentos, que conta com 20 mil clientes e R$ 18 bilhões sob custódia, e que vinha sendo assediada pelo BTG.
O grupo de Guilherme Benchimol ficará com 45% do negócio e a Monte Bravo com 55%. Trata-se do principal escritório de agentes autônomos da XP e perdê-lo seria péssimo para a XP no que diz respeito a imagem na guerra de narrativas que foi criada. Afinal, seria como deixar a sua joia da coroa nas mãos de seu grande antagonista.
“Nós prezamos muito por relações duradouras e esta sociedade com a XP é uma prova disso. Já são mais de dez anos juntos e a escolha da XP como sócia foi motivada principalmente para preservarmos a relação com quem nos trouxe até aqui: o nosso cliente”, diz, em nota, Filipe Portella, sócio fundador da Monte Bravo ao lado de Pier Mattei.
Em dezembro de 2019, a Monte Bravo tinha R$ 7 bilhões sob custódia e foi aumentando de tamanho. No início deste ano, o escritório, que possui clientes com tíquete médio de R$ 1,5 milhão, contava com R$ 14,5 bilhões sob custódia e anunciou a fusão com a New Capital, que atendia investidores com mais de R$ 20 milhões em investimentos. Ao fazer essa transação, empresa trouxe mais R$ 1,5 bilhão para dentro.
O escritório, fundado em Porto Alegre (RS) e hoje com mais de 400 profissionais, tem como meta alcançar R$ 100 bilhões sob custódia até 2024. Depois de atingir esse número mágico, o passo seguinte seria uma abertura de capital na bolsa. Fazer um IPO é o mesmo objetivo do EQI, que saiu da XP e migrou para o BTG.
O BTG, aliás, vem se transformando em uma máquina de compras nos últimos meses. Assumiu o controle do Banco Pan, adquiriu a Corretora Fator e levou vários escritórios de agentes autônomos que estavam com a XP para seus domínios.
Na segunda-feira 31 de maio, o banco de André Esteves anunciou a compra da Universa, que reúne a casa de análises Empiricus, a gestora Vitreo, os sites MoneyTimes e SeuDinheiro, e a consolidadora de carteira Real Valor por um negócio que pode atingir R$ 2 bilhões.
O BTG, ao que parece, não vai parar. O banco anunciou que pretende captar R$ 3 bilhões em novo um follow on na B3. A maior parte desse dinheiro será usada em novas aquisições.
Desde o início dessa guerra entre as duas instituições financeiras muitos profissionais do mercado com os quais o NeoFeed conversava diziam a mesma coisa: “é uma disputa por valuation”.
A tese é a de que Esteves está comprando para crescer sua operação, mas, acima de tudo, fazer o valor de mercado do BTG saltar frente o da XP. Até aqui, os números mostram que tem dado certo.
A plataforma de informações financeiras Economatica mostra que em 2 de junho do ano passado a XP valia US$ 17,79 bilhões e o BTG US$ 10,6 bilhões. Hoje, 2 de junho de 2021, a XP tem um valor de mercado de US$ 22,36 bilhões e o BTG Pactual conta com um valuation de US$ 31,99 bilhões.
Mas a guerra entre esses dois gigantes do mercado, o BTG, que era especializado no atacado e partiu para o varejo; e a XP, focada no varejo e que está entrando com força no atacado, está longe de terminar. A batalha pela Monte Bravo teve um vencedor. Qual será a próxima?