Quando captou quase R$ 4 bilhões, em maio deste ano, o mercado especulou sobre um grande alvo na mira da Lojas Renner. Nesta quinta-feira, 15 de julho, a companhia anuncia sua primeira aquisição: a pequena Repassa, um brechó online que revende peças de vestuário, calçados e acessórios usados.
A Lojas Renner está comprando 100% da startup por um valor não divulgado, dando saída para os fundos Redpont eventures e Bossa Nova Investimentos, que investiram na Repassa. O fundador Tadeu Almeida e os executivos permanecerão na empresa – o negócio ainda depende de diligência para ser confirmado.
“É um movimento que estrategicamente faz sentido e está totalmente ligado a construção do nosso ecossistema”, afirma Fabio Faccio, presidente da Lojas Renner, ao NeoFeed. “Esse é um mercado que está crescendo 25 vezes mais rápido do que o segmento de moda.”
A Repassa já tinha uma parceria com a Lojas Renner. No ano passado, a rede varejista começou a distribuir as chamadas “Sacolas do Bem” em 15 pontos físicos.
Por meio desse projeto, o consumidor retirava a sacola numa loja da Renner e envia roupas ou objetos que queria vender para a Repassa, que fazia a curadoria, tirava fotos e coloca à venda em sua plataforma. “Muito provavelmente devemos ampliar a parceria”, afirma Faccio.
Faccio afirma que há diversas sinergias que podem ser aproveitadas entre as Lojas Renner e a Repassa. “Podemos ajudar na geração de tráfego, na capilaridade física de nossas lojas, na logística e em soluções financeiras”, diz o executivo.
Quando a aquisição for concluída, Faccio diz que a tendência é a Repassa operar de forma independente, como acontece com a Camicado (casa e decoração), Youcom (moda jovem) e Ashua Curve & Plus Size (roupas nos tamanhos 46 a 54).
Sobre novas aquisições, Faccio diz que esse foi um primeiro passo depois do follow on. “A maior parte das aquisições passa por movimentos menores que devem trazer mais sortimentos para o cliente e nos ajudar no processo de digitalização”, afirma o presidente da Lojas Renner. “Em breve, pode ter algumas outras aquisições de tamanhos semelhantes.”
Mercado bilionário
O mercado de roupas de segunda mão já atinge R$ 7 bilhões no Brasil, segundo as estimativas da Renner. E ele deve chegar a R$ 31 bilhões em 2025. É também uma área que começa a atrair a atenção de diversos competidores.
Um pioneiro nessa área é site Enjoei, que abriu o capital em novembro do ano passado, e hoje vale R$ 2 bilhões. A plataforma online, que vende de roupas a objetos eletroeletrônicos, no entanto, está começando um movimento inverso, acrescentando produtos novos de marcas oficiais ao seu portfólio de marcas como Disney, Puket, Imaginarium, Michael Kors, entre outras.
A Arezzo&Co está também de olho nesse setor, quando comprou a Troc, startup que atua no segmento de economia circular, vendendo roupas premium usadas, em novembro do ano passado.
No mundo, grandes varejistas também estão fazendo suas apostas nessa área. A loja sueca de segunda mão Sellpy, controlada pela gigante da moda H&M, está abrindo filiais em mais 20 países europeus, em uma aposta que a demanda por moda sustentável seguirá crescendo.