Quando a Boeing cancelou a joint venture com a Embraer, em abril de 2020, o mundo parecia ter caído para a companhia brasileira de aviação.

Em meio à Covid-19, que paralisou a aviação comercial global, a empresa perdeu um parceiro forte, viu seu futuro foi questionado por muitos analistas, teve que cortar custos e demitir 2,5 mil funcionários.

Mais de um ano depois, a Embraer parece que superou essa fase de turbulências e agora se encontra em uma “posição de monopólio invejável” em jatos regionais, de acordo com um relatório do Bank of America (BofA).

“A família de jatos regionais E-Jet está bem posicionada para se beneficiar de pedidos contínuos, por conta do fortalecimento dos mercados domésticos”, escreveu Ronald J. Epstein, analista do BofA.

No relatório, distribuído nesta terça-feira, 24 de agosto, o BofA aumentou o preço-alvo das ADRs da Embraer de US$ 20 para US$ 30. Hoje, as ADRs estão sendo negociadas a US$ 17,24, alta de mais de 10%, um potencial de valorização de mais de 70%, segundo o analista.

No primeiro semestre deste ano, a Embraer entregou 14 jatos na área de aviação comercial, a principal da empresa. A estimativa é de que serão entregues entre 45 e 50 jatos neste ano. Em 2022, a projeção é ainda melhor, chegando a 65-70 jatos no ano.

No caso da aviação executiva, a Embraer também enfrenta agora ventos favoráveis, impulsionados pelo aumento da demanda de aeronaves. No segundo trimestre, foram 13 entregas. Nesse ano, a estimativa é de 90 a 95 entregas de seus jatos.

O analista disse também que o término do acordo com a Boeing foi positivo para Embraer. "A Boeing está com dificuldades para se concentrar em seu negócio principal, muito menos em M&As complexos", escreveu.

Epstein também vê um potencial de diversificação de receitas da Embraer com a Eve, um braço da companhia que atua no segmento de eVTOLs, os chamados carros voadores.

A companhia acaba de anunciar a venda de 100 aeronaves deste tipo para a Ascent Flights Global, empresa de Cingapura que opera como um aplicativo sob demanda. A Eve já tinha anunciado a venda de 200 unidades deste veículo elétrico de pouso e decolagem vertical com a americana Halo, em junho deste ano.

Ao mesmo tempo, a Eve negocia com a Zanite Acquisition Corp, um SPAC que a avalia em US$ 2 bilhões – hoje, a Embraer vale US$ 3,1 bilhões. No relatório do BofA, Epstein cita que as negociações para tornar a Eve pública estão caminhando “muito bem”, segundo os diretores da Embraer.