No dia 3 de agosto, quando a Avenue Securities, corretora de investimentos para brasileiros investirem nos Estados Unidos, anunciou que havia recebido um aporte de US$ 30 milhões do Softbank, Roberto Lee, o fundador da companhia, disse que uma das frentes da empresa seria na área de banking.
Quem imaginava que era só discurso, se enganou. A empresa vai lançar a Avenue Banking, uma conta bancária no exterior, no dia 1º de setembro. “O Brasil é formado por 220 milhões de desbancarizados globais, estamos mudando isso”, diz Lee, com exclusividade ao NeoFeed.
A Avenue Banking nasce, inicialmente, com uma conta de pagamentos e um cartão de débito. Lee diz que os clientes da Avenue Securities, hoje com mais de R$ 5 bilhões sob custódia, terão prioridade na abertura da conta. “Quem investe com a Avenue só vai precisar dar um clique para ter a conta bancária”, afirma o fundador da fintech.
Até o fim do ano, ele espera que os 300 mil investidores que estão plugados na corretora abram suas contas. “Seremos, disparado, a maior operação de banking para brasileiros nos Estados Unidos”, diz Lee. Com isso, os clientes poderão pagar contas nos Estados Unidos, fazer transferências em dólar entre contas da Avenue e também transferir de contas da Avenue para outros bancos americanos.
“Existem bilhões de pessoas no mundo que se relacionam em dólar e o Brasil estava fora disso”, afirma Lee. Até pouco tempo, lembra o empreendedor, era difícil fazer uma compra na Amazon se a pessoa não tivesse conta no exterior. Isso só mudou porque a empresa de Jeff Bezos montou operação no Brasil. “Milhares de empresas e serviços que não podem ser acessados por conta disso”
A conta vai permitir também com que os clientes recebam de empresas em dólar. YouTubers, por exemplo, recebem em dólar. A prateleira de produtos de investimentos da Avenue Securities estará plugada na conta. Mas essa é a primeira fase do projeto da Avenue Banking.
Os próximos passos incluem o lançamento de um cartão de crédito, provavelmente para 2022. Um time já está trabalhando no desenvolvimento do produto. “É um mercado em que posso atingir milhões de pessoas”, diz Lee.
Ao contrário do que acontece no Brasil, em que as taxas médias no rotativo são de 12,5% ao mês, o cartão teria uma taxa média mensal de cerca de 1,5%. Além disso, ao comprar com o cartão lá fora, o brasileiro não paga spread e não fica dependendo da cotação do dólar no dia do fechamento da fatura do cartão.
“As famílias americanas usam o crédito do cartão como a fonte número um porque é barato. Imagina oferecer isso aos brasileiros”, afirma Lee. “Os nossos clientes poderão acessar esse crédito, mesmo estando no Brasil.”
Depois do crédito, a ideia é passar a oferecer todos os serviços de banking. “Tudo o que uma pessoa faz com uma conta brasileira, ela poderá fazer com a conta americana.” A fintech, diz seu fundador, entrou na fase de se tornar completa e ir agregando serviços aos clientes.
Outros bancos perceberam a importância de oferecer serviços de contas internacionais à medida que o mundo vai ficando mais globalizado e a digitalização aumenta o contato dos brasileiros com serviços que são pagos em dólar.
O BS2, por exemplo, tem uma conta internacional. O C6, que acaba de receber investimento do J.P.Morgan, também tem a sua chamada conta global. Ou seja, é um jogo com cada vez mais players.
“Esse é o próximo capítulo da disrupção do setor financeiro brasileiro. A fase de copycat, de ver o que dava certo nos Estados Unidos e montar no Brasil, acabou. Agora o mundo é o da conexão direta”, afirma Lee.