Entre maio e agosto deste ano, o QuintoAndar captou US$ 420 milhões, em uma rodada dividida em duas tranches. A primeira, de US$ 300 milhões, liderada pela Ribbit Capital. E a segunda, de US$ 120 milhões, capitaneada pela americana Greenoaks e pelo grupo chinês Tencent.
Com o caixa reforçado, a startup elevou seu valuation para US$ 5,1 bilhões. E acelerou sua expansão no mercado brasileiro, ao chegar em capitais como Recife (PE), Salvador (BA), Manaus (AM) e Belém (PA), além de cidades do interior de São Paulo, como São José dos Campos, Sorocaba e Ribeirão Preto.
Agora, a plataforma digital de compra, venda e locação de imóveis está adicionando mais um ponto ao seu mapa de operações. A empresa anuncia nesta quarta-feira, 4 de novembro, seu desembarque em Portugal, com a inauguração de um centro de tecnologia em Lisboa.
O investimento – não revelado – marca a abertura da primeira operação do QuintoAndar fora do Brasil. A unidade estará restrita ao desenvolvimento de tecnologias e não há planos, ao menos no curto prazo, de extensão da oferta de serviços da startup em Portugal.
“Lisboa vem se consolidando como um hub de tecnologia nos últimos anos”, diz Gabriel Braga, cofundador e CEO do QuintoAndar, ao NeoFeed. “E a proximidade com a nossa cultura nos atraiu a dar esse primeiro passo para ter um time cada vez mais global e com acesso a conhecimento de ponta.”
O movimento também encontra justificativa em outros dois componentes, diretamente relacionados. Com a pandemia e o avanço do trabalho remoto, a startup passou a investir em contratações em todo o Brasil e em outros países.
Em contrapartida, a abertura dessa janela acirrou a concorrência pelos profissionais de tecnologia, que já era intensa, com muitas multinacionais estendendo o olhar para outros mercados, além de suas matrizes.
“Apesar de o trabalho remoto dar a oportunidade de acessar esses talentos globais, nós acreditamos em modelo híbrido, que combina o presencial e o virtual”, afirma Braga. Ao ressaltar que a Europa é um pool de bons profissionais, ele destaca outros ganhos esperados com a iniciativa.
“Ter a possibilidade de trabalhar em diferentes locais nos torna mais atraentes, tanto para atrair como para reter profissionais”, diz. “Em um paralelo, nós brincamos que, se você é um atleta, quer participar da Copa ou da Olimpíada. Isso torna o trabalho muito mais interessante.”
Com foco em áreas como engenharia de software e inteligência de dados, o centro vai entrar em operação no primeiro semestre de 2022. A startup prevê contratar 50 pessoas no decorrer do ano e não descarta exportar alguns dos 500 profissionais que hoje compõem o seu time de tecnologia no Brasil.
O QuintoAndar não é a única startup a investir em uma estrutura desse porte fora do País. Há outras empresas, unicórnios inclusive, que já seguiram essa direção. O Nubank, por exemplo, mantém um centro de desenvolvimento em Berlim, na Alemanha, desde 2017.
A Gympass, por sua vez, divide sua estrutura e suas equipes de tecnologia em hubs distribuídos em São Paulo, Nova York, nos Estados Unidos, e também em Lisboa.
Nesse cenário, o QuintoAndar também tem outros planos dentro da sua ambição de ir além do mercado brasileiro. Segundo Braga, o plano de inaugurar, no México, a primeira operação internacional com a oferta dos seus serviços está em curso e deve ser concretizada no decorrer de 2022.
Quem já embarcou nesse roteiro foi a Loft, outro unicórnio brasileiro do mercado imobiliário. Na semana passada, a empresa anunciou a compra da mexicana TrueHome, dando início à sua expansão internacional.
Enquanto costura a sua estratégia, o QuintoAndar, que tem mais de 150 mil imóveis em sua plataforma e R$ 50 bilhões sob administração, também vem expandindo o seu portfólio, em particular, com a adição de produtos e de serviços financeiros.
Nesse segmento, a principal e mais recente aposta é a oferta de crédito imobiliário, que ganhou força com a aquisição da Atta, em abril desse ano. A startup em questão trabalha com modalidades como o home equity.
“Podemos atuar em parceria com imobiliárias, independentemente de estarmos presentes ou não em determinada cidade”, diz Braga, que não descarta outras aquisições para reforçar o portfólio. “Estamos atentos e a intensidade dessa estratégia vai depender das oportunidades que encontrarmos.”