Criada em outubro de 2020, como um spin-off da EmbraerX, braço de inovação da Embraer, a Eve, ampliou seu horizonte ao fechar, neste ano, uma série de contratos para as suas aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical (eVTOL), também conhecidas como táxis aéreos ou “carros voadores”.
Agora, a startup está prestes a alçar seu voo mais ambicioso. A Embraer acaba de anunciar que a Eve terá ações negociadas na Bolsa de Nova York, por meio de uma fusão com a Zanite Acquisition Corp., uma Special Purpose Acquisition (SPAC), em acordo que vinha sendo negociado desde junho deste ano.
Com a transação, o valor implícito pro forma da Eve está sendo estimado em US$ 2,4 bilhões, praticamente o mesmo valor da Embraer, que vale US$ 2,5 bilhões.
Após o fechamento da operação, caso não haja nenhum resgate pelos acionistas da Zanite, a companhia terá US$ 512 milhões em caixa, resultando em um valor patrimonial pro forma total de aproximadamente US$ 2,9 bilhões.
A fusão envolverá um aporte de até US$ 237 milhões em dinheiro fiduciário da Zanite, e será ancorado ainda por um investimento de US$ 305 milhões. A Embraer responderá por US$ 175 milhões desse montante.
O aporte de US$ 305 milhões contará ainda com US$ 25 milhões da Zanite Sponsor e US$ 105 milhões de um consórcio de investidores financeiros e estratégicos, que inclui nomes como Azorra Aviation, BAE Systems, Bradesco BBI, Falko Regional Aircraft, Republic Airways, Rolls-Royce e SkyWest.
A Embraer permanecerá como acionista majoritária da operação, com uma participação de aproximadamente 82% da empresa, que será rebatizada como Eve Holding após a conclusão da fusão.
“Acreditamos que o mercado de mobilidade aérea urbana tem um enorme potencial de expansão nos próximos anos e que com essa combinação de negócios, a Eve estará muito bem-posicionada para se tornar um dos principais players neste segmento”, disse Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer, em comunicado.
Kenn Ricci, CoCEO da Zanite, acrescentou: “Depois de uma extensa busca, selecionamos a Eve por causa de seu projeto de eVTOL, simples e certificável, sua abordagem eficiente em termos de capital e a presença global da Embraer, que acreditamos que irão permitir que a Eve não apenas alcance a certificação do tipo de veículo, mas também possa escalar sua produção, suporte e operações globais.”
Sob a nova estrutura, a Eve será comandada pelos CoCEOS Jerry DeMuro, ex-CEO da BAE Systems, e Andre Stein, que está no comando da startup brasileira desde o início das suas atividades e que ocupou cargos de liderança na Embraer por mais de duas décadas.
“A Eve foi fundada com a visão de acelerar o ecossistema de mobilidade aérea urbana, tornar o transporte aéreo urbano seguro, acessível e disponível para todos os cidadãos, enquanto reduz as emissões globais de carbono. A transação anunciada hoje com a Zanite é um marco importante que irá acelerar nosso plano estratégico e nos apoiar na concretização de nossa visão”, disse Stein.
A Eve chega à Bolsa de Nova York com uma boa bagagem de contratos e parcerias. Em pouco mais de um ano, a empresa fechou encomendas com 17 clientes, envolvendo 1.735 eVTOLs, avaliados em cerca de US$ 5,2 bilhões.
Nesta terça-feira, a Eve ampliou essa carteira ao anunciar a assinatura de cartas de intenções com a Azorra, a SkyWest e a Republic Airways, cujas encomendas somam até 500 eVTOLs.
Assessorada pelos bancos Santander, Bradesco BBI e Itaú International, a operação da fusão deve ser concluída no segundo trimestre de 2022.