A Raia Drogasil (RD) está fazendo um investimento minoritário na Labi Exames, laboratório de análises clínicas de baixo custo fundado por Marcelo Noll Barboza, ex-CEO da Dasa.
Através da RD Ventures, a empresa está comprando uma fatia de 6,5% da companhia, com opção de investimentos futuros adicionais. Outros acionistas, como a Igah Ventures, Positive Ventures e Marcelo Lacerda, ex-CEO do Terra e fundador da empresa de metaverso Magnopus, também estão aportando mais dinheiro na empresa.
“Através do investimento do Labi Exames, vamos conseguir expandir os nossos serviços de saúde”, diz Eugênio De Zagottis, vice-presidente da Raia Drogasil, ao NeoFeed.
O plano da RD é integrar os exames laboratoriais da Labi à plataforma de saúde Vitat e complementar os serviços realizados pelos mais de 1,5 mil Hubs de Saúde instalados em suas farmácias, que passarão também a oferecer serviços em domicílio por intermédio da Labi.
Fundada em 2017, a Labi possui 24 unidades em 10 cidades. Além de exames laboratoriais, realiza testes de Covid-19, check-ups e aplica vacinas. Conta também com uma serviço domiciliar e realiza 120 mil exames por mês.
Em 2022, o plano da Labi é chegar a 48 unidades, incluindo duas filiais com serviços ampliados, que já nascerão integradas às farmácias da RD. “Será um piloto de uma proposta de serviços integrados, parecido com o que faz a Walgreens ou CVS, nos Estados Unidos”, diz Zagottis.
Ao mesmo tempo, a RD está também comprando 100% da Amplimed, uma healthtech que desenvolveu um prontuário médico no modelo de software as a service (SaaS). A empresa oferece uma solução que inclui prontuário eletrônico, plataforma de telemedicina, solicitação de exames, agendamento de consultas, gestão financeira e faturamento.
Fundada em 2016 em Chapecó (SC), a Amplimed conta com uma base de 20 mil profissionais de saúde, que atendem em mais de 3 mil clínicas em 450 cidades brasileiras. Por mês, a plataforma da healthtech realiza cerca de 700 mil agendamentos e conecta os consultórios com mais de 9 milhões de pacientes.
A ideia é também conectar a plataforma da Amplimed ao marketplace de serviços de saúde Vitat. Com isso, a RD passa a oferecer serviços de telemedicina aos seus mais de 40 milhões de clientes ativos. “Vamos usar a plataforma para estruturar também os nossos dados de saúde”, afirma Zagottis.
Essas são duas das pontas da estratégia da RD, que pretende criar uma plataforma de saúde agnóstica, colocando-se como competidor de Saúde iD, do Fleury, e do Rita, do grupo Sabin. “Podemos cooperar e competir com essas plataformas”, diz Zagottis.
Outra ponta da estratégia da RD é fortalecer o seu marketplace de saúde e bem-estar, que tem menos de um ano. No combo de investimentos que está anunciando, a RD está ficando com uma fatia de 12,5% da Conecta Lá.
A empresa detém uma solução de “Seller Center”, uma plataforma “one-stop-shop” para sellers, que inclui recursos de catalogação de produtos, workflow de pedidos, split de pagamentos, soluções logísticas e geração de informações.
No negócio, a RD tem o direito de preferência para deter até 20% da Conecta Lá e está comprando também o direito de uso do código da plataforma Seller Center.
“Vamos começar com um acordo comercial usando a plataforma deles e, no momento que acharmos adequado, podemos adaptar a solução”, diz Zagottis. “Os marketplaces, quando ficam grandes, acabam internalizando a solução.”
Os valores dos aportes nessas três empresas não foram revelados. Zagottis diz apenas que, até agora, a RD Ventures fez R$ 200 milhões em investimentos. O valor inclui também o que foi gasto na Vitat, Manipulaê, Healthbit e Cuco Health. Essas startups seguem independente e vão progressivamente sendo conectadas ao ecossistema da RD.
Esses investimentos fazem parte do esforço de digitalização da RD, que vale R$ 39,4 bilhões. No terceiro trimestre de 2021, a penetração de canais digitais nas vendas atingiu 9,2%, sendo que 88% das transações foram atendidas pelas farmácias, que entregaram em menos de quatro horas. Desde o começo deste ano, o aplicativo da RD teve 13,7 milhões de downloads acumulados.
A receita bruta da RD, no terceiro trimestre, atingiu R$ 6,5 bilhões e o lucro líquido ajustado foi de R$ 173,5 milhões.