A moda de investir em novos negócios de tecnologia pegou de vez entre as grandes empresas. A prova mais recente veio com a Arezzo&Co que, depois de lançar um fundo de corporate venture capital (CVC) em 2020, agora foca esforços em sua incubadora de startups e já selecionou os primeiros negócios que farão parte do programa.

Entre as companhias selecionadas estão Abbiamo, que atua no controle digital de processos logísticos com foco na experiência de entrega ao consumidor final; Easypro, voltada para soluções em software para produtividade; e Growdev, startup de tecnologia focada na formação de profissionais para o mercado de produtos digitais

Lançada neste ano com um investimento de R$ 5 milhões, a incubadora funciona como uma espécie de estágio para novas empresas de tecnologia. Tudo acontece dentro do ZZ Hub, o hub de inovação da companhia e que fica localizado na sede em Campo Bom, no Rio Grande do Sul.

O programa tem duração de seis meses e é dividido em quatro etapas que vão desde a seleção das empresas até a experimentação das soluções desenvolvidas. Os empreendedores vão passar por mentorias com profissionais da Arezzo&Co e com especialistas do Sebrae, que atua em conjunto com o grupo de moda na iniciativa.

O processo de seleção das startups visa buscar negócios que desenvolvam soluções para problemas enfrentados pelo grupo de moda que contempla as marcas Arezzo, Schutz, Anacapri, Alexandre Birman, Fiever, Alme e Vans. A expectativa é de que as incubadas desenvolvam serviços que possam gerar aumento de receita, redução de custos e até novos modelos de negócios.

“As startups terão fases específicas em que vai precisar gerar algumas soluções de inovação e solução de problema para avaliar o nível de aderência e se faz sentido continuar ou não com a incubação”, diz Maurício Bastos, diretor de operações digitais da Arezzo&Co em entrevista ao NeoFeed.

Durante o processo de seleção, a Arezzo chegou a estudar o negócio de 25 startups, mas selecionou apenas três para focar com mais atenção nos negócios. A tendência é de que, a partir de novembro deste ano, o programa seja escalado para abranger um número maior de startups. “Queremos chegar em até oito empresas”, afirma Bastos.

Maurício Bastos e Alexandre Birman (esquerda e meio) se reuniram com Luciano Orsi, prefeito da cidade de Campo Bom, na sede do hub de inovação da Arezzo no município gaúcho

A incubadora vai funcionar de forma independente ao ZZ Ventures, o fundo de corporate venture capital lançado pela companhia em 2020 com R$ 30 milhões para realizar aquisições, com a compra de parte da operação da Troc, brechó online com peças de luxo.

“O fundo e a incubadora estão conectados e coexistem”, afirma Bastos. “É uma iniciativa que nasce descolada ao ZZ Ventures e serve para dar tração a iniciativas e tecnologias que possam acelerar a transformação digital da companhia.”

Com a evolução dos negócios, existe a possibilidade de que a Arezzo&Co passe a investir financeiramente na operação das startups. Somente, então, entraria em ação o fundo de CVC da companhia. “Mas não existe um pré-requisito neste sentido. Não significa que uma empresa incubada será investida”, afirma Bastos.

A incubadora é a mais recente novidade de um ano agitado para a gigante comandada por Alexandre Birman. No começo de fevereiro deste ano, a companhia levantou R$ 830 milhões em seu primeiro follow on desde a estreia no mercado de capitais, há 11 anos.

Os investidores estão apostando na empresa que vem tendo um bom ano com as ações sendo negociadas com alta de 25% desde o começo de 2022. Nos resultados financeiros, a Arezzo registrou lucro líquido de R$ 110,5 milhões no último trimestre de 2021. O faturamento cresceu 69% para R$ 1,4 bilhão.