Com US$ 80 bilhões de ativos sob gestão, o General Atlantic aumentou a alocação de capital na América Latina e na Índia nos últimos anos.
Hoje, 15% dos investimentos do fundo estão na América Latina. E mais 15%, na Índia. Os Estados Unidos, que tinham 65% dos recursos, estão, atualmente, com 45%.
No Brasil, a companhia tem no portfólio empresas como Hotmart, Neon, unico, QuintoAndar e Gympass – todos eles unicórnios, com são chamadas as empresas que valem mais de US$ 1 bilhão.
Mas Martín Escobari, copresidente do General Atlantic e head da América Latina da gestora, diz que a época de vento de proa chegou ao fim.
“O Brasil chegou atrasado na festa, mas a festa acabou para todo mundo ao mesmo tempo”, afirmou Escobari, durante o durante o Tech Founders Summit, evento promovido pelo Itaú BBA.
E não foi uma festa qualquer. De acordo com Escobari, as gestoras que investem em “growth equity” aportaram US$ 15 bilhões na América Latina no ano passado. “É mais dinheiro do que os últimos 19 anos juntos”, segundo ele.
O Brasil, na visão de Escobari, entrou para essa festa há um ano e meio – mundialmente, os aportes generosos em companhias de crescimento acelerado e maduras acontecem há cerca de quatro anos. “Mas a chuva chegou no fim do ano passado”, diz o head para a América Latina da General Atlantic.
Por chuva, Escobari se refere a correção de valor das empresas de tecnologia no mercado público. “As empresas listadas perderam de 30% a 50% do valor. O fluxo de IPO secou esse ano”, diz Escobari. “Não é catastrófico, mas é mais difícil levantar dinheiro.”
Apesar dos investimentos altos no ano passado, Escobari critica o que ele chamou de “turistas do mercado de growth”, sem citar nomes. São, segundo ele, empresas que olharam a região de forma oportunística, mas sem critérios.
“São delas rápidos, com valuations altos e sem diligência”, afirmou Escobari. “Essa estratégia está se comprovando não ser robusta.”
O General Atlantic acompanha 100 mil empresas ao redor do globo. E, a cada ano, de 8 mil a 10 mil empresas são adicionadas ao universo de companhias que são avaliadas e analisadas. Apesar desse universo gigantesco, poucos negócios são fechados. “Eu dou um sim para cada 400 nãos”, disse Escobari.