Depois de captar R$ 625 milhões em uma rodada liderada pelo Softbank, no ano passado, a idtech unico saiu às compras e adquiriu CredDefense, SkillHub e ViaNuvem e encorpou o quadro de empregados saindo de pouco mais de 300 funcionários para 1 mil no último ano.

Agora, a startup começa a mostrar o resultado dessas ações. A empresa está ampliando seus negócios com uma solução voltada para a assinatura digital de documentos e que utiliza a recursos de biometria facial para garantir a autenticidade dos registros.

Chamada de unico sign, a ferramenta lançada em março permite assinar e armazenar documentos em uma plataforma digital. A solução funciona em duas frentes.

Na primeira, permite que a assinatura digital seja feita como em diferentes aplicativos, mas conta com um recurso de autenticação biométrica por foto que garante a autenticidade de quem está realizando a assinatura. Isso elimina, por exemplo, problemas com a falsificação de assinaturas.

Se a primeira vantagem resolve uma das principais dores das empresas neste sentido, a segunda vai auxiliar diretamente os consumidores. Todas as assinaturas feitas no sign ficam armazenadas em um ambiente virtual, no qual o usuário pode pesquisar e visualizar todos os documentos que assinou por meio de um aplicativo.

“A pandemia acelerou a assinatura digital e ainda há uma oportunidade gigantesca para explorar a relação entre empresas e consumidores”, diz Diego Martins, CEO e cofundador da unico em entrevista ao NeoFeed. “Trata-se de um produto que ajuda no processo de digitalização.”

Do lado da startup, a ideia é explorar principalmente empresas que ainda são bastante dependentes das canetas, como hospitais e convênios. “Em um hospital, você precisa assinar documentos na entrada, para autorizar procedimentos, para preencher fichas de convênio e por aí vai”, diz Martins.

O lançamento do sign coloca a companhia brasileira como uma rival para empresas como a americana DocuSign, que abriu capital na Nasdaq em 2018 e já vale US$ 21,4 bilhões. No Brasil, empresas como Totvs e Omie também oferecem soluções de assinatura eletrônica. No caso da unico, a assinatura passa pelo processo de autenticação por biometria facial.

Além da assinatura

Fundada em 2007 por Martins e Paulo Alencastro, a unico ganha dinheiro oferecendo seu serviço numa solução em que ganha por transação. Em agosto do ano passado, ela se tornou um unicórnio, como são chamadas as startups que valem mais de US$ 1 bilhão, após o aporte liderado Softbank e General Atlantic.

Vale lembrar que a startup já havia captado outros R$ 580 milhões numa rodada de Série B em agosto de 2020 e R$ 40 milhões em Série A em janeiro de 2020. Nessas duas injeções de capital, a companhia ainda atendia pelo nome antigo: Acesso Digital.

Mesmo explorando um mercado com grande potencial, a unico não trata o sign como o futuro carro-chefe de seu negócio. A companhia vai continuar operando com duas outras soluções. Uma é voltada para a validação de transações online, enquanto a outra é destinada para departamentos de RH.

Na primeira, a unico fornece ferramentas de biometria facial que validam e protegem a identidade do usuário em transações pela internet, seja para comprar no e-commerce ou para solicitar crédito numa instituição financeira. Entre os clientes estão empresas como Magalu, B2W, C6 Bank, entre outras.

A outra solução tenta eliminar a burocracia nas etapas feitas por departamentos de Recursos Humanos para realizar a admissão de um novo funcionário. Totalmente digital, a solução realiza a validação dos dados e documentos junto ao eSocial e aos Correios, reduzindo o tempo do processo total para 43 minutos. Segundo a startup, mais de 15 mil admissões por mês são feitas utilizando a plataforma.

No radar de expansão está uma quarta solução. Chamada de unico auto, ela ainda está em fase piloto sendo testada em quatro concessionárias de veículos. O plano é reduzir as idas e vindas dos consumidores até os estabelecimentos na hora de comprar um automóvel.

“A gente percebeu que um cliente precisava comparecer até quatro vezes na concessionária para comprar um carro porque precisava assinar diferentes documentos”, afirma Martins. “Se ele precisasse dar o carro que já possuía como entrada, o processo era ainda mais burocrático.”

Não há previsão de quando a solução estará disponível. Mas a ideia nasceu ainda no ano passado, quando a unico realizou sua primeira aquisição após o aporte do Softbank. O alvo foi a ViaNuvem, empresa especializada em ferramentas que permitem a venda online de veículos.

Com o caixa robusto após a última captação, a unico realizou mais duas aquisições desde então. A CredDefense, de tecnologia antifraude, foi comprada em julho. Já a SkillHub, de benefícios de educação, teve sua operação adquirida em dezembro do ano passado. Mais aquisições estão no radar.

A unico não revela dados de faturamento, mas afirma que cresceu 180% em 2021. Considerando que a companhia teve receita de cerca de R$ 150 milhões em 2020, é possível estimar que o faturamento no ano passado tenha ficado próximo de R$ 420 milhões. A previsão para este ano é dobrar a receita.

Ainda que capitalizada pelo aporte recente, a unico pode recorrer ao mercado privado para buscar mais dinheiro. Essa, aliás, é a preferência da companhia. “O IPO não está nos planos no curto prazo”, diz Martins.