Nos últimos cinco anos, o grupo de medicina diagnóstica Fleury fez 14 aquisições. Mas desde que Jeane Tsutsui assumiu o comando do grupo, em abril do ano passado, a máquina de M&As pisou no acelerador.

Nesta quinta-feira, 5 de maio, o Fleury está anunciando a compra, por R$ 120 milhões, do Saha, uma operação especializada em infusões de medicamentos imunobiológicos e cirurgias de baixa complexidade, com unidades no bairro da Bela Vista, no centro de São Paulo, e em Osasco.

É a sétima aquisição do Fleury desde que Tsutsui está à frente da empresa. No total, o grupo investiu mais de R$ 1 bilhão nesses negócios, pouco menos de 25% do valor de mercado do grupo, que está em R$ 4,5 bilhões na B3.

As transações fortalecem desde a área de medicina diagnóstica, o core do Fleury, até o que a empresa chama de novos elos, especialidades que incluem infusões de medicamentos, oftalmologia, saúde da mulher e ortopedia.

“A aquisição do Saha complementa a estratégia de criar um ecossistema de saúde”, disse Tsutsui, ao NeoFeed. “Seguimos crescendo em medicina diagnóstica e estamos fortalecendo esses novos serviços.”

Em 2021, o Fleury comprou os Laboratórios Pretti e Bioclínico, no Espírito Santo, e Marcelo Magalhães, em Pernambuco. Em novos elos, as aquisições envolveram o CIP (Centro de Infusões Pacaembu), Clínica de Olhos Dr. Moacir Cunha e Instituto Vita de Ortopedia. Somados, esses seis negócios representaram um investimento de R$ 900 milhões.

E eles já começam a influenciar no crescimento do Fleury. No primeiro trimestre de 2022, o crescimento da receita bruta do Fleury foi de 21,7%. Sem as aquisições, o avanço teria sido de 11,8% - não entraram ainda nos resultados do grupo o laboratório Marcelo Magalhães, cuja transação acabou de ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

“São negócios que já chegam com Ebitda”, diz Tsutsui. O Saha, por exemplo, registrou uma receita de R$ 156 milhões em 2021. Fundado em 2004, tem uma estrutura de cinco salas cirúrgicas, 30 leitos e amplo espaço dedicado a posições para infusões de medicamentos, de onde vem boa parte de seu faturamento.

A transação também reforça as sinergias com o CIP, que atua na área de infusão de medicamentos. Por ter cinco salas cirúrgicas, o Saha é considerado um hospital-dia, por fazer procedimentos de baixa complexidade, como cirurgias bariátricas e ortopédicas.

Aliás, o objetivo do Fleury é cada vez mais explorar as sinergias dessas novas áreas com a de medicina diagnóstica. Um exemplo é o que acontece com os pacientes da clínica Ortopédica Vita, em que 60% dos clientes utilizam os serviços diagnósticos do Fleury.

O grupo vai também avançar de forma orgânica. No caso dos serviços ortopédicos, haverá uma expansão que incluirá a abertura de seis novas unidades (Vita e Vitacare) em 2022.

Unidade de atendimento do Fleury

Nada indica que a máquina de M&A vá parar no curto prazo. Os recursos para novas aquisições virão de caixa próprio ou do aumento do endividamento, que está na casa de 1,4 vezes o Ebitda e atingiu R$ 1,5 bilhão no primeiro trimestre de 2022. Em outras ocasiões, a empresa já disse que tem margem para chegar a um endividamento de 2 vezes o Ebitda.

Resultado

No primeiro trimestre de 2022, a receita bruta do Fleury chegou a R$ 1,173 bilhão, um crescimento de 21,7% em comparação ao mesmo período do ano passado. O Ebitda atingiu a R$ 326,6 milhes, alta de 14,4%  A margem Ebitda ficou em 30%.

Apesar do crescimento de receita, o lucro líquido caiu 6,9% para R$ 110,4 milhões. No período, os investimentos cresceram 29,6%, somando R$ 66,5 milhões.

As ações do Fleury na B3 caem 15,8% em 2022. Nesta quinta-feira, elas se desvalorizaram 3,2% e fecharam cotadas a R$ 14,24.