No anúncio da criação da Abra, a nova holding que vai reunir as companhias aéreas Gol e Avianca, criando um gigante na área de aviação comercial na América Latina, um fato passou sem ser notado. Em nenhum momento, o nome de Paulo Kakinoff, que é CEO da Gol desde julho de 2012, era citado no comunicado.
Esse “mistério”, agora, chega ao fim. Kakinoff está deixando o cargo de CEO da Gol e será substituído por Celso Ferrer, que é vice-presidente de operações da Gol, em uma solução caseira e que leva para o manche da companhia aérea um executivo que está na empresa desde 2003.
Kakinoff seguirá para o conselho de administração da Gol. E, segundo apurou o NeoFeed, não deverá assumir nenhuma função executiva em outra empresa pelo menos nos próximos 12 meses. A troca de comando acontece a partir de 1º de julho.
Além do conselho da Gol, o executivo atua também nos conselhos de administração da Porto Seguro, Vamos e da Suzano. Ele também está no board da Tembici, startup de mobilidade urbana que ficou marcada na capital paulista pelas bicicletas amarelas com patrocínio do Itaú.
A saída de Kakinoff, que pode parecer uma surpresa para muitos, era esperada nos corredores da Gol. O executivo tinha um contrato de 10 anos com a companhia, que vencia em julho. E optou por não renová-lo, fazendo a transição para o conselho de administração da empresa.
Ferrer, que assume em seu lugar, tem 39 anos e é piloto de aeronaves Boeing 737-700 e Boeing 737-800 Next Generation. Ele atuou na área de rentabilidade e planejamento de malha, além de liderar as áreas de planejamento estratégico e ativos aeronáuticos.
Em 2014, assumiu como vice-presidente de planejamento da companhia aérea. Cinco anos depois, passou para a posição de vice-presidente de operações, uma posição-chave na hierarquia da empresa.
É formado em relações internacionais pela PUC-SP e tem bacharelado em economia pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo. Fez também o MBA executivo da Insead, uma das principais escolas de administração do mundo.
O desafio de Ferrer é comandar a Gol nesse momento em que o setor aéreo começa a se recuperar do baque da pandemia do novo coronavírus. Ao mesmo tempo, a criação da Abra abre novas oportunidades à Gol, inclusive de reforçar sua malha internacional.
Do ponto de vista financeiro, o primeiro trimestre de 2022 trouxe boas notícias para a Gol. A receita líquida da Gol atingiu R$ 3,2 bilhões, um salto de 105%.
A média de voos operados nos três primeiros meses de 2022 foi de 541, alta de quase 50% em comparação ao mesmo período do ano passado. Mas ainda distante dos 709 voos operados no primeiro trimestre de 2019.
As vendas brutas no primeiro trimestre de 2022 atingiram R$ 4,1 bilhões e já estão em um patamar de 22% acima dos três primeiros meses de 2019. O lucro líquido foi de R$ 2,6 bilhões, impactado por variações cambiais favoráveis, e revertendo um prejuízo de R$ 2,5 bilhões um ano antes.