O empresário Bruno Siqueira é um nome conhecido no mercado de bebidas. Primeiro, ainda em 2009, ele fundou a marca de cachaça Santa Dose, vendida em 2014 por US$ 12 milhões para Brown-Forman, dona do uísque Jack Daniel's. Naquele mesmo ano, foi recrutado pela gigante francesa Pernord Ricard para comandar a marca Beefeater no Brasil com o desafio de popularizar o consumo do gim por aqui.
É justo dizer que Siqueira atingiu o objetivo, já que a bebida destilada a base de cereais se tornou febre na coquetelaria brasileira. Em 2020, ao lado do sócio Leandro Faria, o empresário criou sua segunda companhia, a Atlantis Spirits, que produz gim e vodka. Agora, seu próximo passo vai de encontro a um movimento cada vez mais recorrente no mercado de bebidas: a criação de uma holding.
Ao lado de Faria, Siqueira está no comando do Welcome Brands, grupo de bebidas que será lançado oficialmente no dia 21 de junho. Debaixo deste guarda-chuva estão, além de sua marca de gim e vodka, as empresas Gamby (hard seltzer criado neste ano por Siqueira), Famiglia Griffo (de negroni e vermute em garrafa) e Riverside (premium mixers).
Além de Faria e Siqueira, o grupo tem como acionista Cesar Griffo, fundador da Famiglia Griffo. A holding ainda conta com a espanhola Olga Martinez, ex-presidente da Diageo no Brasil, como conselheira, mas sem participação societária.
Este é um movimento vem que se tornando mais comum no mercado entre fabricantes de menor porte. O Better Drinks, lançado em fevereiro deste ano, também adotou a prática ao englobar marcas de coquetéis prontos, vinho em lata, chás gaseificados e outras bebidas numa mesma holding.
“A criação de grupos é o futuro do mercado de bebidas”, diz Bruno Siqueira, cofundador da Welcome Brands ao lado do sócio Leandro Faria, com exclusividade ao NeoFeed. “Depois que você atinge um determinado tamanho, as margens caem pela metade. Você cresce ou morre.”
No modelo de operação da Welcome Brands, o grupo fica responsável pela distribuição das bebidas para grandes bares e redes de varejo, enquanto para mercados menores a companhia utiliza distribuidores regionais. São 20 mil pontos de venda em que pelo menos uma das bebidas é vendida. Já a produção é terceirizada e a holding mantém os nomes dos parceiros em sigilo.
A previsão é de que o grupo tenha um faturamento de R$ 30 milhões neste ano e aumente este valor para R$ 200 milhões em 2026. “Todas as categorias em que estamos atuando contam com espaço para crescer”, diz Siqueira. “Não estamos criando uma empresa do zero. São marcas que já existiam e já tinha faturamento.”
Dentro desta expectativa de aumento de faturamento, Siqueira afirma que o grupo está de olho em novas marcas, mas que não há um produto específico no radar. “A gente não quer abrir muito o leque. Temos produtos que conversam com bares, varejistas e que o público consome em diferentes momentos”, diz.
O que parece estar descartado no curto prazo é a entrada no mercado de cervejas pela dificuldade de competir contra gigantes como a Ambev. “Sempre discutimos sobre cerveja, mas ainda não tivemos coragem pelo tamanho da briga”, diz Siqueira.
A receita pode aumentar se a companhia conseguir tirar os planos de internacionalização do papel. A chegada em mercados da Europa e da América Latina está no radar para os próximos anos, mas ainda não há detalhes de quais marcas vão desembarcar fora do Brasil.
Num primeiro momento, no entanto, Siqueira afirma que o plano é ganhar o mercado local. “Ainda temos muito o que fazer no Brasil. A operação nas regiões Sul e Nordeste ainda estão fracas e precisamos consolidar o negócio em São Paulo e no Rio de Janeiro”, afirma. “Quando engrenar, a gente vai.”