A inadimplência se tornou uma questão relevante para bancos e fintechs. E fez com que os investidores brasileiros passassem a ter uma visão pessimista sobre o setor.

Mas a pesquisa “AlphaWise Consumer Survey”, do Morgan Stanley, está desafiando essa visão bearish dos investidores brasileiros. Feita com 3 mil pessoas das classes A, B e C em maio deste ano, ela reitera a visão otimista da instituição sobre bancos e fintechs. E escolhe as ações de Itaú e Nubank como favoritas.

Em um relatório de 44 páginas, o Morgan Stanley dedica um grande espaço ao Nubank, que, segundo a pesquisa, tem uma taxa de inadimplência melhor do que a maioria dos bancos ou de outras fintechs em sua área de cartão de crédito.

“Apenas 11% dos clientes de cartão de crédito do Nubank nos informaram que estão com pagamentos em atraso, bem abaixo da média de 13% para todos os credores e de 14% para as fintechs”, diz um trecho do relatório.

Outro dado, segundo o Morgan Stanley, que corrobora essa visão otimista, é o fato de que taxa de serviço da dívida do Nubank está na média do mercado – os pessimistas, segundo o banco, argumentavam que o banco digital fundado por David Vélez crescia de forma acelerada por conta de suas taxas menores.

A pesquisa, no entanto, mostra que a taxa de serviço da dívida do Nubank é de 37%, a mesma de Itaú e Bradesco e inferior a de Santander (38%). O Banco do Brasil tinha taxa de 35%.

O Itaú é o banco preferido entre os incumbentes, segundo o Morgan Stanley. “Acreditamos que a visão estratégica e as capacidades operacionais do Itaú representam uma vantagem competitiva significativa no mercado”, diz um trecho do relatório. “O Itaú está se tornando digital e está trabalhando duro para se tornar mais aberto, ágil e centrado no cliente.”

Na visão do Morgan Stanley, o estudo indica que a inadimplência do Itaú está bem-posicionada em termos absolutos e relativos e que o sólido balanço do banco proporcionará resiliência para qualquer ciclo de inadimplência que se aproxima.

O preço-alvo da ação do Nubank é de US$ 14. Atualmente, ela está cotada a US$ 3,81, uma queda de quase 60% em comparação ao IPO, em dezembro do ano passado. O preço-alvo das ADRs do Itaú é de US$ 7,20. Hoje, estão sendo negociadas a US$ 4,33. No ano, sobem 14,5%.

Cartão de crédito domina

De acordo com a pesquisa, 88% do grupo pesquisado têm alguma forma de empréstimo. E os bancos incumbentes têm ainda uma grande vantagem sobre as fintechs em fazer o cross selling de seus produtos de crédito.

Os dados mostram ainda que os bancos incumbentes têm 1,75 produto de crédito por família. O Itaú lidera esse grupo, com 1,85 produto de crédito por família. As fintechs, por sua vez, contam com 1,32. O Nubank, 1,45.

O cartão de crédito é o principal produto, com alta penetração em todos os segmentos pesquisados. E, neste caso, o Nubank tem um domínio grande sobre os concorrentes:  41% das famílias pesquisadas disseram ter um cartão de crédito do banco digital, quase duas vezes mais do que o segundo colocado que é o Itaú (21%).

A margem de erro da pesquisa AlphaWise Consumer Survey é de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. E o nível de confiança é de 90%.