Em junho deste ano, o Itaú BBA elevou o preço-alvo da ação da Hypera de R$ 39 para R$ 48. Como maior justificativa para essa mudança, o banco citou o avanço na resolução de uma questão do passado, que vinha levantando dúvidas sobre a governança da farmacêutica.
Dias antes, a Hypera havia anunciado a assinatura de um acordo de leniência, que estabelecia o pagamento de R$ 110 milhões, na esteira de pagamentos indevidos de executivos da companhia a políticos investigados pela Operação Tira-Teima, em 2016.
Nesta sexta-feira, o Itaú BBA voltou a elevar o preço-alvo do papel da Hypera, de R$ 48 para R$ 54, mantendo a recomendação de compra para a ação. Mas, diferentemente do relatório anterior, um dos fatores que embalam o novo patamar está ligado ao futuro da companhia que, na visão do banco, começa a colher os frutos de anos investindo em inovação.
“Ressaltamos o lançamento de mais de 100 projetos que a empresa pretende realizar este ano, o que pode resultar em uma receita bruta incremental de R$ 350 milhões em 2022 e de R$ 450 milhões em 2023”, escreveram os analistas Vinicius Figueiredo, Lucca Marquezini e Felipe Amancio.
Além dessa primeira leva, o trio destacou um segundo pacote com mais de 100 lançamentos, programado para chegar ao mercado em 2023, e que pode acrescentar mais R$ 450 milhões a essa conta.
Outro componente que reforça a dose de otimismo do Itaú BBA são algumas das aquisições que a companhia fez nos últimos três anos. Entre elas, as compras das marcas Buscopan e Buscofem, em 2019; de ativos da Takeda, em 2020; e de marcas da Sanofi, em 2021.
A expectativa dos analistas é de que essas operações superem as estimativas e ajudem a turbinar a rentabilidade operacional da empresa. A entrada recente da companhia no mercado institucional, com a venda de medicamentos para segmentos como hospitais e laboratórios foi outro elemento ressaltado.
“Olhando mais adiante, ainda podemos ver as margens sendo pressionadas à medida que o segmento institucional continua aumentando sua contribuição no mix de vendas, mas o forte crescimento da receita deve resultar em uma boa alavancagem operacional”, pontua o relatório.
O Itaú BBA destacou ainda o fato de a Hypera ter reportado mais um trimestre de fortes resultados, com um crescimento, em geral, “acima da indústria”. Assim, o banco também revisou para cima parte de suas projeções para o balanço da companhia.
Para 2023, por exemplo, a estimativa é de uma receita líquida de R$ 8,6 bilhões, contra a projeção anterior de R$ 8,3 bilhões. Na mesma base de comparação, o Itaú BBA aponta para um Ebitda de R$ 3,14 bilhões. A expectativa anterior estava na faixa de R$ 3 bilhões.
No segundo trimestre de 2022, a Hypera apurou uma receita líquida de R$ 1,89 bilhão, o que representou um salto de 25,8% sobre igual período de 2021. O lucro líquido, no entanto, recuou 3,1%, para R$ 455,9 milhões.
Por volta das 14h40, as ações da Hypera estavam sendo negociadas com ligeira alta de 0,47% na B3, a R$ 42,80. A companha está avaliada em R$ 27 bilhões e seus papéis acumulam uma valorização superior a 51% em 2022.