Desde março de 2021, quando anunciou a cisão da sua operação com o Assaí, o GPA vem tentando cumprir a promessa de mostrar aos investidores que é capaz de andar com suas próprias pernas e, como reflexo dessa jornada em carreira solo, destravar o valor de suas ações.
Na noite da quinta-feira, 20 de outubro, o grupo varejista deu mais um passo nessa estratégia – batizada de Novo GPA, ao divulgar uma prévia do seu desempenho no terceiro trimestre de 2022. E, tomando como base a reação inicial aos números, o mercado parece ter apreciado essa degustação.
As ações do GPA encerraram o pregão na B3 cotadas a R$ 21,19, com alta de 3,57%. Durante a tarde, elas chegaram a subir mais de 4%. No ano, porém, os papéis acumulam uma desvalorização próxima de 2%. O grupo está avaliado em R$ 5,7 bilhões.
Apesar dessa resposta positiva e de alguns bons indicadores mostrados no período, na visão de analistas, a prévia também mostrou que o GPA ainda tem um caminho pela frente para despertar, de vez, o apetite dos investidores.
Em relatório divulgado nesta sexta-feira, 21 de outubro, sobre os números divulgados, as analistas Marcella Recchia e Fernanda Sayão, do Credit Suisse, destacaram avanços em frentes como receita e expansão. Mas frisaram que a virada do grupo ainda é um “trabalho em andamento”.
“Nosso entendimento é de que lidar com gargalos operacionais tem sido mais complexo do que a administração originalmente previa atrasando, em última análise, a recuperação da lucratividade do GPA em direção a uma margem Ebitda alta de um dígito em 2023”, escreveu a dupla do Credit Suisse, que tem recomendação neutra para o papel e preço-alvo de R$ 20 para a ação.
Com uma receita bruta de R$ 4,6 bilhões em sua operação brasileira, alta de 10,6% sobre igual período em 2021, o GPA fechou o trimestre um crescimento de 3,8% nas vendas em “mesmas lojas”, ligeiramente abaixo das estimativas do Credit Suisse.
Nesse ponto, o banco ressaltou a expansão anual de “apenas” 2% e a desaceleração quando comparada ao segundo trimestre de 2022 no indicador em “mesmas lojas” das bandeiras Mercado Extra e Compre Bem, em função de impactos na logística.
Em contrapartida, nesse mesmo indicador, o Credit Suisse deu destaque ao crescimento anual de 21,7% e de 5,5%, contra o trimestre anterior, nas lojas do Pão de Açúcar e do Minuto, a bandeira premium do GPA no formato de proximidade.
Outros fatores positivos na visão do banco foram a participação de 50% dos formatos de lojas premium nas vendas totais e a conclusão das 14 conversões restantes de lojas do Extra Hiper no trimestre. No total, o GPA converteu 23 unidades da bandeira em 13 lojas do Pão de Açúcar, 8 do Mercado Extra e duas do Compre Bem.
O Goldman Sachs, por sua vez, ressaltou que o número de abertura de lojas abaixo das expectativas no período pode ajudar a explicar, em parte, o fato de as vendas brutas terem vindo aquém do projetado. O banco também chamou atenção para o crescimento de 6,6% nas vendas mesmas lojas do GPA Brasil.
“Esse indicador está abaixo tanto da inflação média (8,7% ano contra ano) quanto da inflação alimentar no lar (15%) no terceiro trimestre”, escreveram os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini, que têm recomendação neutra para a ação e preço-alvo de R$ 22,50 para o papel.
O trio elegeu ainda como principais riscos para o GPA os atrasos e possíveis “derrapadas” na execução de seu plano de expansão; uma média menor de produtividade em novas unidades; e a manutenção dos níveis elevados de inflação alimentar.