Bernardinho está aumentando a sua aposta no segmento plant-based. O vitorioso técnico de vôlei detentor de duas medalhas de ouro olímpicas é um dos investidores da rodada seed de R$ 4 milhões captada pela Typcal (antiga 100 Foods), foodtech que tem uma linha de condimentos e de alimentos que imitam carne e frango, mas sem o uso de proteína animal.
A rodada é liderada pela Futurum Capital, gestora que já investiu em startups como Zeph, Spaceflix e Wiboo, e conta também com a participação de Bruninho, filho de Bernardinho e jogador de vôlei.
"Fechamos a rodada primeiro com a Futurum Capital e depois com o Bernardinho", diz Paulo Ibri, fundador e CEO da Typcal, com exclusividade ao NeoFeed. "Fcamos sabendo que ele sempre se preocupou com o caminho que o segmento de plant-based estava tomando em termos de saudabilidade. Havia uma ligação."
Essa é mais uma aposta de ex-técnico da seleção brasileira no mercado de proteína vegetal. O técnico já investiu nas startups NoMoo, de laticínios veganos, e Greenpeople, de sucos e snacks naturais.
Ele também é sócio da edtech Eduk, da empresa de alimentação Haru's, da companhia de entretenimento Final Level, da rede de academias BodyTech e dos restaurantes Delírio Tropical. Na Typcal, Bernardinho terá um lugar no conselho da empresa e também participará de campanhas de divulgação da marca.
Fundada em São Paulo ainda em 2019 por Ibri e Guilherme Sortino, que se conheceram quando trabalhavam juntos na Red Bull, a Typcal conta com uma linha com cinco opções de maionese, hambúrguer, frango empanado e uma variação vegana de nuggets.
Além disso, produz também ketchup, mostarda e barbecue veganos - neste caso, sem açúcares e com zero calorias. A produção é terceirizada, mas Ibri não abre detalhes.
O dinheiro captado nesta rodada será destinado para três frentes: desenvolvimento de novos produtos, marketing e comercial. “Um dos focos está na expansão da cadeia de distribuição no território brasileiro”, afirma Ibri. Os principais pontos de vendas são centros varejistas de redes como Carrefour, Opa e VerdeMar. O e-commerce é outro canal.
Essa foi a segunda captação da empresa. Antes disso, a foodtech havia levantado, ainda em 2020, R$ 720 mil com investidores anjos a partir de um crowdfunding pela plataforma SMU. Além de amigos e familiares, a rodada contou com a participação da Insead Angels.
Por ora, a empresa opera em 12 estados do Brasil e em todas as regiões, com exceção do Norte. A maior parte das vendas vem de consumidores no Sudeste e no Sul, segundo o empreendedor.
Parte do dinheiro também será destinada para contratações. Atualmente a foodtech é composta por um time de apenas seis funcionários. A ideia é ter entre 12 e 15 empregados nos próximos meses. “A nossa estrutura é mais enxuta, conseguimos fazer mais com menos”, afirma Ibri.
Em relação a produtos, a startup está desenvolvendo uma nova linha que deverá ser lançada no primeiro semestre do ano que vem. A ideia é encontrar substitutos vegetais para alimentos como bacon, linguiça e outros embutidos.
No longo prazo, a Typcal mira a "comida do dia a dia". “O hambúrguer e o frango empanado são legais, mas são para algumas situações de consumo. Queremos ter alimentos que fazem parte da retina dos consumidores”, diz Ibri. “Quando conseguirmos isso, entraremos em outro patamar de valuation e funding.”
O setor de proteína vegetal apresenta boas perspectivas. De acordo com a consultoria Meticulous Research, o mercado de alimentos plant-based deve crescer mais de 12% ao ano e movimentar cerca de US$ 95 bilhões até 2029 em todo o mundo.
Isso não significa, no entanto, que o caminho da Typcal será fácil. A companhia tem como competidores empresas que conseguiram captar mais capital para desenvolver produtos e sua estratégia comercial
A chilena NotCo, por exemplo, já recebeu mais de US$ 360 milhões em investimentos e produz maioneses e nos últimos anos passou a competir no mercado de substitutos de carne e frango.
Outra rival é a Fazenda Futuro, que já vale mais de R$ 2,2 bilhões e está presente em mais de 30 países. A companhia também tem uma personalidade como sócia. Em maio deste ano, a empresa anunciou que a cantora Anitta iria ajudar em projetos de inovação e marketing da companhia.
Em escala menor está a The New. Controlada pela Lever VC, a investidora das gigantes Beyond Meat e Impossible Foods, a foodtech também se apresenta como uma rival em relação aos produtos substitutos de carne bovina e frango.
Outros competidores neste mercado são empresas tradicionais do setor de alimentação que também lançaram linhas veganas, tais como JBS, BRF e Marfrig.