Fundado em 2006, o BuzzFeed ficou popular por meio de suas listas e testes temperados com generosas pitadas de bom humor. Com essa receita, o site americano abriu capital em dezembro de 2021, por meio de uma fusão com a 890 5th Avenue Partners, uma Special Purpose Acquisition Company (SPAC).

Entretanto, exatamente um ano depois de chegar à Nasdaq, a companhia ganhou os holofotes por uma outra lista. Essa, nada agradável. Em dezembro de 2022, a empresa anunciou a demissão de 180 funcionários, cerca de 12% do seu quadro total.

Um mês depois, ao que tudo indica, o BuzzFeed vai voltar a reforçar sua equipe. Para isso, a ideia não é, necessariamente, crescer o número de profissionais em sua redação. E, sim, recorrer a um outro recurso: a inteligência artificial.

Em um memorando interno enviado na quinta-feira, 26 de janeiro, obtido pelo The Wall Street Journal, Jonah Peretti, fundador e CEO da empresa, informou à equipe que vai apostar na ChatGPT, ferramenta gratuita de inteligência artificial da OpenAI para aprimorar os conteúdos do portal.

Ao destacar que pretende dar mais peso à inteligência artificial na operação, o executivo ressaltou que, a partir desse recurso, será possível criar listas únicas com base nas respostas de cada indivíduo, entre outras aplicações.

Na prática, o plano de Peretti é usar o conceito para ajudar no processo criativo do portal, a partir de ideias e sugestões da equipe da empresa. Ele observou ainda que, em 15 anos, espera que a inteligência artificial e os dados auxiliem o BuzzFeed a “criar, personalizar e animar seu próprio conteúdo”.

O site não seria o primeiro a investir nesse filão. O portal americano CNET também já realizou testes recentes com a ferramenta de inteligência artificial. Mas eles foram interrompidos depois de o veículo publicar 77 histórias a partir desse recurso e encontrar uma série de erros factuais.

No caso do BuzzFeed, um porta-voz do portal informou ao The Wall Street Journal que a empresa segue “focada no jornalismo” gerado por “humanos”. Há um mês, quando anunciou os cortes em sua equipe, Peretti disse que a medida vinha em linha com a necessidade de “adaptar e reajustar a estrutura de custos”.

Nesta semana, a operação ganhou um alento com a notícia de que a Meta fechou um acordo de cerca de US$ 10 milhões para que o BuzzFeed auxilie na produção de conteúdos para o Facebook e o Instagram, como parte de um esforço para atrair mais criadores para as duas plataformas.

Na trilha dessa novidade, que veio à tona na última quarta-feira, 25 de janeiro, as ações do BuzzFeed encerraram o pregão de hoje com alta de 119,8%, cotadas a US$ 2,09. Mesmo com esse rali, os papéis acumulam uma desvalorização de aproximadamente 15% nos últimos 12 meses. A empresa está avaliada em US$ 290,7 milhões.