Protagonista da onda de inteligência artificial (IA) que tomou conta do mundo, a OpenAI praticamente dobrou seu valuation na mais recente rodada de investimento, que atraiu nomes de peso do mercado. Mas a operação também resultou em obrigações “peculiares” para a companhia de Sam Altman e para os investidores.

A dona do ChatGPT levantou um total de US$ 6,6 bilhões, sendo avaliada na casa dos US$ 157 bilhões, acima do market cap do Goldman Sachs (US$ 155,1 bilhões) e do Uber (US$ 153 bilhões).

O valor também representa um salto ante os US$ 86 bilhões estabelecidos em janeiro, quando os empregados da companhia venderam ações, segundo o jornal The Wall Street Journal.

A rodada contou com nomes de peso, sendo liderada pela empresa de venture capital Thrive Capital, que colocou US$ 1,25 bilhão na OpenAI, de acordo com fontes ouvidas pelo WSJ. A Microsoft, que injetou US$ 10 bilhões na companhia em janeiro do ano passado, investiu menos de US$ 1 bilhão.

As fontes do jornal americano afirmam ainda que o SoftBank se tornou investidor da OpenAI, ao colocar cerca de US$ 500 milhões, e a fabricante de microprocessadores Nvidia, que investiu cerca de US$ 100 milhões.

Quem também participou foi a Tiger Global Management, com US$ 350 milhões, e a Ark Investment Management, de Cathie Wood, que aportou US$ 250 milhões.

Havia a expectativa de que a Apple pudesse participar, depois do acordo que firmou com a OpenAI em junho. Mas, de acordo com o WSJ, as negociações não avançaram. Se as conversas tivessem dado certo, representaria um investimento raro por parte da fabricante do iPhone em uma outra companhia.

A operação possui algumas particularidades. Os investidores dessa rodada terão o direito de retirar o dinheiro caso a OpenAI não avance com o plano de se converter de um laboratório sem fins lucrativos para uma empresa com essa finalidade.

Lucro, por sinal, é algo que a OpenAI não deve apresentar tão cedo. Fontes ouvidas pelo WSJ dizem que a empresa deve ter um prejuízo de US$ 5 bilhões e uma receita de US$ 3,7 bilhões neste ano. A expectativa da companhia é de que o faturamento alcance US$ 11,6 bilhões no ano que vem.

A OpenAI, por outro lado, falou aos investidores dessa nova rodada que não quer que eles coloquem dinheiro em seus competidores, caso da Anthropic, fundada por ex-funcionários da empresa, da Safe Superintelligence, do cofundador e ex-cientista chefe da empresa, Ilya Sutskever, e xAI, de Elon Musk, que ajudou a companhia no começo.

Se a OpenAI não teve problemas para captar, seus concorrentes também não. A Safe Superintelligence conseguiu levantar, no começo de setembro, US$ 1 bilhão para investir em modelos de IA mais “seguros”, mesmo sem ter um produto desenvolvido.

Pesos-pesados do mundo tech também estão investindo em IA. Em abril, a Meta informou que o capex de 2024 deve ficar entre US$ 35 bilhões e US$ 40 bilhões, acima da faixa de projeção anterior (US$ 30 bilhões a US$ 37 bilhões), por conta da nova tecnologia.

Na Alphabet, o capex totalizou US$ 12 bilhões no primeiro trimestre, acima dos US$ 10 bilhões previstos, por conta dos investimentos em IA.

Os recursos aportados pelos investidores na OpenAI devem ajudar a empresa a manter sua vantagem competitiva, pelo menos por enquanto. Desde que lançou o ChatGPT, em 2022, a companhia é a referência da área e está se preparando para seu próximo modelo, o GPT-5, embora esteja lidando com contratempos e atrasos.