Na corrida das big tech para se posicionarem em inteligência artificial (IA), a Apple largou bem atrás de seus concorrentes. Mas a companhia fundada por Steve Jobs (1955-2011) está prestes a dar um salto relevante, com a ajuda de um dos pioneiros do segmento.

Na segunda-feira, 10 de junho, na abertura da edição deste ano da Conferência Anual de Desenvolvedores (WWDC), em Cupertino, na Califórnia, o CEO da Apple, Tim Cook, deve anunciar uma parceria com a OpenAI, de Sam Altman.

A informação é da agência de notícias Bloomberg, a partir de relatos de fontes. De acordo com a reportagem, o executivo deve informar que a companhia vai incorporar a tecnologia do ChatGPT no sistema operacional do iPhone, trazendo a tecnologia de IA generativa aos seus smartphones.

Se confirmado, o acordo será uma resposta da Apple aos questionamentos que vem recebendo nos últimos meses de investidores, desenvolvedores e fãs sobre seus planos para a mais nova tecnologia na praça.

O tema torna-se ainda mais relevante depois de a companhia registrar queda de receita em cinco dos últimos seis trimestres, numa sinalização de que precisa oxigenar sua linha de produtos.

Já para a OpenAI, um acordo com a Apple abre as portas para levar seus produtos a um dos maiores sistemas de distribuição do mundo: mais de um bilhão de iPhones ativos.

Rivais como Google e Meta estão investindo de forma robusta no desenvolvimento de suas próprias linguagens. A Microsoft, por sua vez, fechou um acordo no começo de 2023 com a OpenAI, para investir US$ 13 bilhões na companhia, e começou a incorporar a tecnologia do ChatGPT em seu mecanismo de buscas, o Bing.

A Apple chegou a estar à frente dos outros na oferta de serviços apoiados em IA, nas primeiras fases desse movimento. Em 2011, a empresa lançou a assistente pessoal Siri, chegando antes ao mercado que a Amazon, que tem a Alexa, e a Alphabet, que desenvolveu o Google Assistant. Mas a Apple foi perdendo espaço para os rivais, e isso antes da revolução provocada pelo ChatGPT, em 2022.

Nos bastidores, os funcionários da Apple vem trabalhando numa série de aplicações utilizando IA, buscando desenvolver uma tecnologia concorrente àquela utilizada pelo ChatGPT. No entanto, segundo a Bloomberg, os executivos perceberam que a OpenAI e o Google estavam bem mais avançados nesta frente e que os consumidores iam começar a exigir serviços com IA, o que ajudou a motivar o acordo.

Não é a primeira vez que a Apple recorre a parcerias e acordos com outras companhias para fornecer tecnologia e serviços que não possui no portfólio. Em 2005, a empresa fechou um acordo para que o mecanismo de buscas do Google fosse o padrão do navegador Safari dos computadores Mac.

O acordo fortaleceu a posição do Google como principal buscador do mundo, a ponto de a Alphabet topar pagar US$ 20 bilhões, em 2022, para renovar a parceria com a Apple.

Essa não será a primeira vez que Sam Altman fecha uma parceria com a Apple. Em 2008, quando tinha 23 anos e não tinha cofundado a OpenAI, ele participou da conferência anual de desenvolvedores para promover o Loopt, um aplicativo que permitia aos usuários compartilharem sua localização com os amigos.

Por volta das 16h53, na Nasdaq, as ações da Apple subiam 0,67%, a US$ 195,67. No ano, elas acumulam alta de 1,67%, levando o valor de mercado a US$ 2,98 trilhões.