A DM, administradora de cartões de crédito no modelo private label, que recebeu um investimento R$ 100 milhões da gestora Vinci Partners no ano passado, está comprando a FortBrasil, uma concorrente que tem forte atuação no Nordeste.
A aquisição, cujo valor não foi revelado e será 100% em dinheiro, vai acontecer em duas etapas. Nessa primeira fase, a DM está adquirindo 49,99% da FortBrasil. A transação precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Ao mesmo tempo, a DM está comprando uma opção para ficar com 100% da FortBrasil, após a aprovação do Banco Central, análise que só deverá acontecer se as duas empresas receberem um sinal verde do Cade.
“A FortBrasil estava descendo para o Sul e Sudeste e a DM, subindo para o Nordeste. Nos cruzamos no meio caminho, sentamos à mesa e vimos que fazia sentido a união”, diz Denis Correia, fundador e CEO da DM, ao NeoFeed.
A união das duas empresas cria uma companhia com 9 milhões de cartões emitidos e uma carteira superior a R$ 2 bilhões. No ano passado, as duas tiveram um TPV de R$ 8 bilhões, uma receita bruta de R$ 1,5 bilhão e 1,7 mil funcionários. Ambas são voltadas a atender consumidores das classes C, D e E.
As duas empresas, apesar de terem atuação nacional, são complementares. A DM tem 85% de sua receita vinda de varejistas do Sul e do Sudeste. A FortBrasil, por sua vez, conta com 80% da receita no Nordeste e no Centro-Oeste.
Outra diferença das duas empresas é que a maioria dos cartões da DM são private label, em que os clientes só podem usar no varejista que os fornece. No caso da FortBrasil, 80% dos cartões são emitidos com a bandeira Mastercard – além da varejista, podem ser utilizados em qualquer maquininha.
“Tínhamos uma fintech antes de uma fintech virar sexy”, diz Juliana Freitas, fundadora e CEO da FortBrasil, que foi fundada há 18 anos em Fortaleza (a DM tem mais de 20 anos). Juliana vai ficar na operação após as aprovações das autoridades reguladoras.
Os principais clientes da DM são supermercadistas, como Sonda, BH, Koch e Spani Atacadista. No caso da FortBrasil, a atuação se concentra em varejistas menores da área de moda e supermercados. No total, quando se unirem, ambas terão aproximadamente 800 varejistas como clientes.
O funding das operações de crédito foram estruturados, ao longo dos anos, por meio de FDICs (fundo de investimento em direitos creditórios) e debêntures.
Os recursos da Vinci, que se tornou uma acionista minoritária relevante da DM, quando anunciado no ano passado, seriam utilizados para investimentos em tecnologia e para aquisições.
A área de private label tem também como competidor a Credz, empresa da família Zogbi que atua de forma semelhante focada em varejistas de médio e pequeno porte.
No ano passado, a empresa captou R$ 400 milhões em um FIDC. Os recursos, segundo a companhia, seriam usados para a expansão nacional das operações, bem como para a conquista de novos parceiros varejistas.
A DM foi assessorada pelo escritório de advocacia BZCP. A FortBrasil, por sua vez, teve a assessoria da FM/Derraik.