Numa jogada para recuperar terreno desde que o conglomerado de luxo LVMH passou a disputar o ranking de empresa mais valiosa da Europa, o grupo Kering, que detém a marca Gucci, acaba de anunciar a compra de 30% da grife Valentino do fundo do Catar Mayhoola.
O acordo de 1,7 bilhão de euros em dinheiro permite a companhia francesa adquirir o restante da grife italiana até 2028. A parceria também deve envolver a participação do grupo do Catar, na Kering.
É a segunda compra do grupo Kering, num prazo de um mês, quando adquiriu a perfumaria britânica Creed, por 3,5 bilhões de euros, uma empresa que tinha participação majoritária da gestora BlackRock.
Para a Mayhoola, a negociação permite fortalecer sua presença no mercado francês, onde já era proprietária de outras marcas de moda como Balmain e onde tem participação no time de futebol Paris Saint Germain.
A Valentino é um grande reforço para o Grupo Kering, que tem visto a vendas da Gucci, sua principal marca, patinarem. No segundo trimestre, cresceram 1%, enquanto que os analistas esperavam 4,2% de aumento.
Na última semana, a companhia anunciou a saída do CEO da grife Marco Bizzari, numa demonstração de descontentamento com os resultados. O novo executivo só será anunciado em setembro.
A Valentino é uma das grifes italianas de maior projeção internacional com 211 lojas em 25 países, sendo cinco no Brasil. Registrou receita de 1,4 bilhão de euros e ebitda de 350 milhões de euros em 2022.
Fundada em Roma em 1960 por Valentino Garavani, a maison tem seu reconhecimento na alta costura, vestidos vermelhos icônicos que marcaram época e o glamour projetado desde a década de 60 por celebridades como Jacqueline Kennedy.
Mas também construiu uma base consistente no prêt-à-porter, feminino e masculino, que permitiu sua expansão global com as boutiques, assim como a criação de bolsas e acessórios desejados. A grife é comandada pelo estilista Pierpaolo Piccioli desde 2017.
O grupo Kering tem um portfólio de marcas estreladas Saint Laurent, Bottega Veneta, Balenciaga, Alexander McQueen, Brioni, Boucheron. Seu valor de mercado alcançou de 62,7 bilhões de euros. A receita do grupo totalizou 10,1 bilhões de euros no primeiro semestre de 2023 , um aumento de 2% em relação ao mesmo período do ano passado.
O grupo LVMH chegou a um valor de 419,6 bilhões de euros, depois da queda de 5% ontem, diante da decepção do mercado com o ritmo de crescimento da empresa. No balanço, divulgado na terça, as vendas cresceram 17% no trimestre, mas tiveram queda de 1% nos EUA, mercado protagonista na indústria do luxo hoje.