A CVC Capital Partners está revivendo seus planos para uma abertura de capital. Poucas semanas após levantar € 26 bilhões para o maior fundo de private equity do mundo, a gestora começou a colocar de pé uma nova tentativa para se tornar uma companhia listada em bolsa. A expectativa é de que isso aconteça até o fim do ano.
Segundos fontes próximas à empresa disseram ao jornal britânico Financial Times, a captação recente, cujo valor veio acima da cifra projetada inicialmente, foi interpretada dentro do negócio como um sinal de que o mercado está mais receptivo para uma oferta inicial de ações.
Com sede em Luxemburgo, a CVC planejava abrir capital na Bolsa de Valores de Amsterdam em 2022, mas adiou os planos devido ao momento turbulento do mercado. Na época, a companhia, que estava avaliada em cerca de € 15 bilhões, planejava negociar 10% das suas ações.
Com € 140 bilhões em ativos sob gestão, a CVC nasceu dentro do Citi ainda na década de 1980 e se tornou independente em 1993. Entre os aportes realizados desde então, um dos destaques foi a aquisição, no fim de 2021, de uma fatia de 10% da La Liga, a liga de futebol profissional da Espanha, por US$ 2,1 bilhões.
Recentemente, o NeoFeed apurou que a CVC estava em negociações com o Mudabala Capital, braço do fundo soberano do governo de Abu Dhabi, para entrar também no futebol brasileiro, a partir da criação de um bloco comercial que, posteriormente, poderia resultar na criação de uma nova liga do esporte no País.
A abertura de capital seria um passo adiante no objetivo da empresa de capital de risco de atrair mais investidores ao redor do mundo, e não apenas na Europa. Além disso, o capital poderia ser utilizado em aquisições. No radar está a possibilidade de compra de uma empresa de investimentos focada no setor de infraestrutura.
Por ora, os detalhes do possível estreia da CVC na bolsa de valores ainda não são conhecidos e a empresa se nega a comentar sobre o assunto.
Se o plano for para a frente, a oferta seria um grande teste acerca do humor do mercado para operações de private equity. Ao contrário do apetite observado nos últimos anos, as taxas de juros atuais tornam os investidores mais cautelosos para operações de risco.
Concorrentes da CVC que abriram capital nos últimos anos enfrentam um momento delicado na bolsa de valores. As ações da gestora britânica Bridgepoint caíram quase 35% nos últimos doze meses. Já os papéis da americana TPG desvalorizaram quase 17% no mesmo período.
Por isso, mesmo que as expectativas estejam mais altas para um IPO bem-sucedido, a CVC terá que superar um cenário ainda adverso entre os investidores europeus. As listagens realizadas no Velho Continente neste ano movimentaram € 3,8 bilhões no primeiro semestre – queda de 27% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da PwC.