Prevista para as próximas semanas, a oferta pública inicial de ações da Arm tem sido apontada como o provável ponto de inflexão que dará início a tão aguardada retomada dos IPOs nas bolsas de valores americanas.
Ainda é cedo para dizer se a fabricante britânica de chips controlada pelo Softbank conseguirá, de fato, virar essa chave. Mas, ao que tudo indica, sua corrida para tocar a campainha na Nasdaq já está ajudando a renovar o fôlego em outro balcão: os investimentos privados pré-IPO.
É o que mostra um levantamento feito pela Rainmaker Securities, segundo a agência Bloomberg. Segundo a corretora americana, que intermedia essas transações, as chamadas para rodadas privadas em estágios avançados somam atualmente US$ 1,4 bilhão nos Estados Unidos.
Para efeito de comparação, a Rainmaker, que intermedia essas transações, ressalta que, um ano antes, quando as correções no mercado de capitais chegaram ao seu pico, esse volume pré-IPO era de US$ 1 bilhão.
Apesar do crescimento ainda moderado, a avaliação é de que, com a perspectiva de reabertura da janela de IPOs, os investidores institucionais começam a mostrar mais apetite nesse estágio para não perderem boas oportunidades logo à frente.
O fato de essas rodadas incluírem a expectativa e a proximidade de uma abertura de capital também ajuda a alimentar esse movimento, dado que torna esses investimentos menos arriscados do que em rodadas anteriores.
Outro levantamento, feito pela Forge, traz uma ressalva em meio a esses ventos, a princípio, mais favoráveis. De acordo com a plataforma americana, o patamar dos downrounds, quando o novo aporte acontece por um valuation inferior ao da última rodada, tem crescido.
Embora mostre uma queda em relação ao índice compilado em maio, de 61%, o desconto de 58% apurado em julho foi maior do que a média de 52%, registrada no mês de junho.
À parte dessas revisões, a percepção das fontes de mercado ouvidas pela Bloomberg é de que o retorno em volumes mais expressivos dos investidores dependerá justamente dos preços.
“Os investidores não estão mais dispostos a pagar múltiplos gigantescos contra fluxos de caixa futuros”, disse Joseph Endoso. CEO da Linqto, outra plataforma de negociações nessa esfera. “Essas coisas aconteceram no último mercado altista, mas acho que lições difíceis foram aprendidas.”
Segundo o executivo, outras métricas mostram que a régua subiu. Ele observa que as apostas mais seguras são empresas com um porte considerável que já operem no azul. Ou que, no mínimo, tenham um caminho claro em direção à lucratividade.
Nesse contexto, Greg Martin, diretor da Rainmaker Securities, ressalta que o número de companhias “candidatas viáveis” a um IPO, com valuations de cerca de US$ 2 bilhões, recuou de centenas para apenas dezenas.