Na semana passada, o BB Investimentos rebaixou o preço-alvo da ação da Renner, de R$ 26 para R$ 16,80. A justificativa era a dinâmica concorrencial mais acirrada no varejo de moda e a entrada em vigor do Remessa Conforme, programa do governo federal encampado pela Receita Federal.
Na segunda-feira, 9 de outubro, foi a vez de o Santander acrescentar outros itens a esse balcão e revisar suas estimativas para a varejista de moda. No caso do banco espanhol, o novo preço-alvo estipulado para a rede é de R$ 20, contra a projeção anterior de R$ 26.
“Estamos reduzindo nosso preço-alvo para 2024 à medida que incorporamos os últimos resultados, ajustamos as estimativas de crescimento de vendas para refletir um ambiente mais desafiador e reduzimos as estimativas de lucro para os próximos anos”, observam os analistas do Santander.
Sob essa perspectiva de ambiente de vendas mais fraco do que esperado neste ano e uma visão mais conservadora para os anos seguintes, o time formado por Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo reduziu a projeção de crescimento de receita em 5%, em média, para o intervalo entre 2023 e 2025.
Já no que diz respeito ao Ebitda, o banco está reduzindo as estimativas em 11%, em função de elementos como a captura mais lenta da alavancagem operacional, dada a revisão para baixo do faturamento, e uma recuperação da rentabilidade mais lenta que o anteriormente esperado.
“Por último, estamos reduzindo as nossas projeções de lucro líquido em cerca de 14% para 2023 a 2025, em grande parte, porque excluímos os benefícios do imposto sobre o rendimento dos juros sobre o capital a partir de 2025”, pontua outro trecho do relatório.
Apesar das atualizações, o trio de analistas do Santander manteve a recomendação outperform (acima da média do mercado) e uma visão “construtiva” para a Renner, com base em sua posição na dianteira do varejo de vestuário brasileiro.
O time do banco espanhol destaca que essa liderança deve ficar ainda mais e evidente à medida que o cenário de consumo melhore e que a concorrência internacional atinja seu teto no País. Outro componente ressaltado é o valuation atraente da ação.
“Acreditamos que o preço atual oferece um ponto de entrada sólido”, afirmam os analistas. “Dada a liquidez das ações, vemos isso como uma oportunidade de participar do mercado brasileiro durante a esperada recuperação do setor”, acrescentam.
No caso do BB Investimentos, a analista Georgia Jorge também enxerga pontos positivos à frente para a rede. Entre eles, um avanço gradual nas vendas ao longo dos próximos trimestres, acompanhando o ciclo de afrouxamento monetário e uma melhora da inadimplência da pessoa física.
No relatório, a analista frisou, no entanto, o endurecimento da competição, em particular, com plataformas asiáticas como a Shein, e o programa Remessa Conforme, que, em sua visão, traz maior risco de execução às varejistas de moda do País, incluindo nesse pacote a Renner.
“Nesse sentido, apesar do potencial de valorização entre o preço corrente e nosso novo-preço-alvo, optamos por manter a recomendação em Neutra, diante de uma equação risco x retorno desequilibrada no momento”, observou Jorge.
Cotadas em R$ 12,71, as ações da Renner registravam ligeira alta de 0,95% na B3 por volta das 15h35 de segunda-feira, 9. No ano, porém, os papéis acumulam uma desvalorização de 37,9%. A varejista está avaliada em R$ 12,1 bilhões.