Não é de hoje que a Vivara é apontada como um ponto fora da curva entre os ativos do varejo listados na prateleira da B3. Essa posição de destaque ficou ainda mais em evidência à medida que a crise que já vinha impactando o setor desde 2022 ganhou novos contornos críticos neste ano.
Apesar desse status, a rede de joalherias tem fôlego para mais avanços. Essa é a visão do Santander que, em relatório divulgado na terça-feira, 10 de outubro, elevou o preço-alvo da ação, de R$ 40 para R$ 42 - um upside de quase 50% sobre o valor do papel em tela.
O banco entende, porém, que ainda há bastante espaço, literalmente, para novas revisões na cotação do papel. E essa conta passa por um dos elementos que têm sustentado as boas perspectivas da Vivara: a Life, rede de joias e acessórios mais acessíveis do grupo.
“Pela nossa análise de sensibilidade, estimamos que cada 25 lojas adicionais da Life acrescentariam cerca de R$ 1 ao nosso preço-alvo”, destacam os analistas Eric Huang, Ruben Couto e Vitor Fuziharo, que reiteram a recomendação de outperform (acima da média do mercado) para a ação.
O trio observa que, na teleconferência do resultado do segundo trimestre de 2023, a gestão da Vivara comentou sobre o potencial de abertura de 100 a 150 lojas da bandeira em shoppings que não contam com unidades da Vivara.
Esse mapa adicional entraria no radar da operação quando todo o potencial de lojas da marca em shoppings em que a Vivara já tem presença fosse totalmente explorado. Atualmente, existem apenas seis unidades da Life que se encaixam nessa tese.
“Portanto, podemos esperar algo entre 94 e 144 lojas adicionais da Life a partir do segundo semestre de 2027, quando esperamos que a empresa tenha aberto unidades em todos os shoppings onde existe atualmente uma loja da marca Vivara”, aponta outro trecho do relatório.
No cenário-base do banco, a expectativa é de um volume de 100 inaugurações da Life a partir desse período, o que levaria a bandeira a uma rede total de 376 unidades, contra uma previsão anterior do Santander de 331 pontos de venda.
“Se incorporássemos 150 lojas ao nosso modelo, nosso preço-alvo aumentaria para R$ 44. Por outro lado, se incorporarmos um cenário de paralisação das inaugurações a partir do segundo semestre de 2022, atingiríamos um preço-alvo de R$ 38, com o crescimento de vendas por loja mantido em 6% ao ano”, escrevem os analistas.
O Santander frisa que, levando-se em conta apenas os shoppings voltados às classes A e B, há margem suficiente para uma expansão acelerada até 376 lojas. E que ainda há um espaço adicional para a marca penetrar em alguns shoppings de perfil mais centrado na classe C.
Enquanto projeta essa expansão, o banco ressalta que a Vivara segue como uma das principais opções para “navegar” no balcão do varejo brasileiro, em função do forte impulso de lucratividade da empresa e, em linha com o destaque dado à Life, ao histórico de crescimento dessa marca.
Para os analistas, a empresa tem mostrado maior resiliência em meio ao ambiente macro mais desafiador, ao reportar um crescimento sólido nas vendas, combinado com expansão de margem e com a maturação e o desempenho acima do esperado das lojas da Life.
Em outro ponto, o Santander destaca que a estrutura verticalizada da Vivara propicia mais agilidade à operação e, ao mesmo tempo, abre portas para que a empresa tenha acesso a benefícios fiscais, previstos na reforma tributária.
A partir desse pacote, os analistas também revisaram para cima as estimativas de alguns indicadores do grupo. No caso das receitas, houve um crescimento de 1,8% nas projeções para o intervalo de 2023 a 2025.
Já no que diz respeito ao Ebitda do mesmo período, a nova previsão foi ampliada em 1%. “Adicionalmente, aumentamos nossas estimativas de lucro líquido em 8,4%, em média, entre 2023 e 2025”, acrescentam os analistas.
Cotadas a R$ 28,58, as ações da Vivara estavam sendo negociadas com alta de 3,51% por volta das 10h20 na B3. Em 2023, os papéis da companhia, avaliada em R$ 6,7 bilhões, registram alta de 27,4%.