O Airbnb está anunciando nesta quarta-feira, 16 de novembro, uma série de novidades voltadas principalmente para trazer mais segurança e praticidade para os anfitriões que anunciam seus imóveis para locação na plataforma. Por trás das mudanças está a necessidade de começar a mirar resultados mais altos para o negócio.
No terceiro trimestre deste ano, o Airbnb informou ao mercado que havia registrado os números mais positivos de sua história e acima das expectativas de Wall Street. No período, a companhia teve crescimento de 29% na receita para US$ 2,9 bilhões e de 46% no lucro líquido, que ficou em US$ 1,2 bilhão.
Isso, no entanto, não foi o suficiente para agradar o mercado. Em 2 de novembro, no primeiro pregão após a divulgação do último balanço, as ações da companhia fundada por Brian Chesky despencaram mais de 13% na Nasdaq. Isso se traduziu em uma perda de US$ 9 bilhões em valor de mercado naquele dia.
O que parece ter motivado a queda nas ações foi um guidance fraco para os três últimos meses de 2022. Nas projeções do Airbnb, a companhia estima que sua receita possa ficar em um mínimo de US$ 1,8 bilhão, abaixo da expectativa média do mercado de US$ 1,85 bilhão, segundo o Refinitiv.
A projeção levou em conta o cenário macroeconômico global. A justificativa apresentada pela companhia é de que alguns países ainda estão se recuperando dos bloqueios da pandemia, além de poderem estar lidando com altos níveis de inflação e de aumento de taxas de juros.
Em entrevista ao NeoFeed, Tara Bunch, diretora global de operações do Airbnb, também citou a questão macroeconômica quando questionada sobre os resultados financeiros do período. “O terceiro trimestre foi nosso maior e mais lucrativo trimestre de todos os tempos, apesar dos desafios geopolíticos e macroeconômicos”, afirmou Bunch.
Independentemente da causa dos problemas, o Airbnb parece ter entendido que precisa encontrar formas de impulsionar seus resultados. E as tentativas mais recentes parecem focadas em tentar resolver problemas antigos do serviço e que tratam principalmente de pontos como segurança e transparência.
Com exceção da adição de novos filtros de busca para selecionar acomodações específicas (como aquelas recomendadas para famílias ou para pessoas com mobilidade reduzida), a maioria das novidades anunciadas nesta quarta-feira foi direcionada para atrair novos anfitriões para a plataforma.
O Airbnb parece tentar atrair usuários quem ainda têm preocupações de segurança. Por isso, algumas mudanças incluem, por exemplo, a expansão do processo de verificação de identidade e implementação de um novo sistema de triagem de reservas.
Outra medida incorporada nessa leva é a possibilidade de que um novo anfitrião possa, na primeira vez que sua propriedade for anunciada, receber contatos apenas de hóspedes que já tenham utilizado o serviço.
Tara diz que a reformulação do processo de configuração para os anfitriões foi algo desenhado com base em feedbacks que a companhia vinha recebendo dos usuários ao longo dos últimos anos. “É um fluxo inteiramente novo e muito simplificado para facilitar a integração”, afirma.
O que também ganha destaque com a atualização do serviço é um recurso para que novos anfitriões possam buscar ajuda e dicas por chamada de vídeo ou áudio com outros hosts, mas que já sejam mais experientes na plataforma.
O AirCover, o serviço de seguro da companhia para os proprietários, também passou por alterações. A cobertura passa de US$ 1 milhão para US$ 3 milhões e poderá incorporar, além das acomodações, agora também carros, barcos, peças de arte, objetos valiosos e itens colecionáveis. O processo de reembolso também foi simplificado.
As mudanças nessa frente podem ajudar o Airbnb a trazer mais opções de acomodações de luxo. “Foi uma oportunidade para nos certificarmos de que estamos cobrindo até mesmo a ponta mais alta de nossa gama de propriedades em termos de valor”, afirma Tara.
E o Brasil?
Se a intenção do Airbnb é trazer mais acomodações para dentro de sua plataforma, o mercado brasileiro vem atraindo cada vez mais a atenção da empresa. Durante o terceiro trimestre deste ano, houve um aumento de 41% no número de quartos privados localizados no Brasil adicionados à plataforma ante o mesmo período do ano passado.
A companhia não revela dados específicos da região, mas diz que no ano passado os gastos de hóspedes que fizeram reservas na plataforma no Brasil somaram US$ 4 bilhões. A tendência é de que esta cifra aumente em 2022. “O Brasil é um grande mercado e um realmente muito importante para nós”, afirma Tara.
Nos números globais, o Airbnb já opera em mais de 100 mil cidades. Desde o lançamento, a plataforma já foi utilizada por mais de 4 milhões de usuários que anunciaram suas propriedades na plataforma e que, juntas, serviram como acomodação para mais de 1 bilhão de pessoas até 2022.
Tara não revela muitos detalhes dos planos que a companhia tem para o País, mas diz que um dos objetivos está em alavancar o crescimento também fora dos grandes centros urbanos. “A maioria das viagens se concentrou nas grandes cidades, mas o Airbnb está em uma posição única para estender as viagens às comunidades rurais”, afirma.