Em meio às investigações a respeito das “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões, a Americanas anunciou nesta sexta-feira, dia 3 de fevereiro, o afastamento de três diretores estatutários e três executivos ligados à antiga administração.
O conselho de administração aprovou o afastamento de Anna Christina Saicali, atualmente no cargo de CEO da fintech AME Digital. Também foram temporariamente sacados de suas funções Timotheo Barros, vice-presidente de lojas físicas, logística e tecnologia, e Márcio Cruz, vice-presidente de digital, consumo e marketing.
A medida também vale para Fabio da Silva Abrate, que foi diretor de relações com investidores da B2W e atualmente atuava como diretor da AME Digital, Flavia Carneiro, que chegou a ser superintendente de controladoria da Lojas Americanas, e Marcelo da Silva Nunes, ex-diretor financeiro da B2W.
Os três diretores afastados são pessoas de confiança de Miguel Gutierrez, que comandou a Americanas por 20 anos até deixar o cargo em dezembro de 2022, substituído por Sérgio Rial, que ficou apenas nove dias no cargo até a descoberta do rombo bilionário.
Ao lado de Anna Saicali, Timotheo Barros e Marcio Cruz, três executivos que estão também há muito tempo na Americanas, Gutierrez fazia parte do que uma fonte ouvida pelo NeoFeed chamou de a “guarda pretoriana” de Carlos Alberto Sicupira, que junto com Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, o trio do 3G Capital, é acionista de referência da Americanas.
A Americanas informou que a decisão de afastar os diretores e os executivos foi tomada junto com uma série de medidas tomadas pela Americanas para garantir a integridade e preservação de informações e documentos.
Entre elas está a contratação do instituto de perícias forenses IBPTECH e da ICTS Security, esta última tem como objetivo implementar medidas internas adicionais para proteção de dados e informações.
A companhia também destacou que a decisão também considerou que existem lideranças internas e externas que “darão continuidade aos negócios e às operações da companhia”. Isso inclui a contratação de Camille Loyo Faria para o cargo de diretora financeira e de relações com investidores.
O afastamento ocorre no momento em meio aos esforços dos bancos para apurar se as tais “inconsistências contábeis” seriam fruto de fraude. Em 26 de janeiro, após pedido do Bradesco, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) de busca e apreensão de e-mails de diretores, membros do conselho de administração e funcionários da área de contabilidade e finanças da empresa dos últimos dez anos.
No entanto, na quinta-feira, dia 2 de fevereiro, a 2ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro se negou a dar o aval para a busca e apreensão.