A Argentina poucas vezes esteve tão próxima do Brasil. Se não em suas intenções econômicas pelo menos em nomenclatura.

Após a criação do superministério da Economia – resultado da consolidação das pastas de Produção e Agricultura – o titular Sergio Massa reúne na terça-feira, 9 de agosto, os responsáveis pela administração de cada área do governo para definir prioridades de investimentos e uma programação de gastos até o final deste ano.

A programação de despesas vem sendo chamada de “teto de gastos”. Mas a semelhança com o Brasil está apenas na denominação. O “teto de gastos” no Brasil é um mecanismo incluído na Constituição em dezembro de 2016. E que prevê a correção anual das despesas do governo federal pela inflação oficial.

Na Argentina, o “teto de gastos” remete à possibilidade de dispêndios até o fim deste ano. Ao menos por ora, não se trata de uma âncora fiscal. Massa promoveu uma maratona de reuniões com assessores no sábado e no domingo para mapear as questões fiscais que devem ser atacadas.

Em um acordo de US$ 44 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Argentina se comprometeu a baixar o déficit nas finanças públicas, que foi de 337,2 bilhões de pesos argentinos em junho. A meta é baixá-lo de 3% do PIB, que atingiu em 2021, para 2,5% este ano; depois para 1,9% em 2023 e 0,9% em 2024.

Também nesta terça-feira, 9 de agosto, deverá lançar uma troca voluntária de dívida local denominada em pesos por títulos que vencem nos próximos 90 dias e que terão alternativas de remuneração.

O governo planeja oferecer um “título duplo” para resgatar os papéis que estão em circulação e têm vencimentos previstos para prazos inferiores a 90 dias.

O título duplo permitirá que os investidores, que se dispuserem a participar da troca, poderão receber a maior taxa de duas opções na data do resgate – uma taxa vinculada à inflação ou uma taxa vinculada ao dólar.

A operação já teria obtido adesão de 60% dos detentores desses títulos, informou Massa em seu perfil no Twitter.

O jornal La Nación informa que os principais detentores desses títulos locais – passíveis de troca – são órgãos oficiais. Mas o Ministério da Economia pretende trazer para a operação investidores privados.

Para quarta-feira, 10 de agosto, a agenda de Massa prevê o anúncio de reajuste nas pensões de trabalhadores argentinos aposentados em cerimônia na Casa Rosada.

O superministro, anunciado por Alberto Fernández há uma semana, está determinado a recorrer a empréstimos privados para financiar o déficit do país. Dessa forma, o Banco Central da Argentina ficaria liberado de emitir pesos para garantir esse financiamento.

Na segunda-feira, 8 de agosto, o dólar paralelo era cotado a 292 pesos, ante 293 pesos no fechamento da sexta-feira. A diferença entre o paralelo e o câmbio oficial ficou em torno de 110%.

Na primeira semana de agosto, o Banco Central da Argentina vendeu quase US$ 700 milhões de suas reservas internacionais para manter sob controle o ritmo de desvalorização do peso.