Depois de um longo hiato de estagnação, o Walmart vem buscando recuperar o tempo perdido, tanto na aceleração das suas estratégias digitais como no reforço ou na abertura de novos mercados. Nessa direção, uma das áreas que têm ganhado relevância é a divisão de Saúde e Bem-Estar da varejista.
É justamente essa unidade de negócios a fonte da mais nova guinada da rede americana, com potencial de fazer um bom barulho em um segmento específico: o mercado farmacêutico. O Walmart anunciou nesta terça-feira o lançamento de sua marca própria de insulina.
Batizada de ReliOn NovoLog, a marca traz como principal apelo a promessa de um preço mais acessível para o bolso dos pacientes com diabetes. A varejista destacou que o lançamento vai permitir uma redução nos gastos desses consumidores entre 58% e 75%, com uma economia de até US$ 101 por frasco.
“Sabemos que muitas pessoas com diabetes lutam para gerenciar o fardo financeiro dessa condição e estamos focados em ajudar fornecendo soluções acessíveis. Também sabemos que essa é uma condição que impacta desproporcionalmente as populações carentes”, afirmou, em nota, Cheryl Pegus, vice-presidente da divisão Walmart Health & Wellness.
A nova linha estará disponível nas farmácias do Walmart dos Estados Unidos já nesta semana. No cronograma divulgado pela rede varejista, o próximo passo é oferecer a marca nas farmácias do Sam’s Club, outra operação do grupo, em meados de julho, também no mercado americano.
Segundo a American Diabetes Association, a questão financeira é, de fato, um peso para os americanos. Dados da associação mostram que o tratamento custa, em média, US$ 9,6 mil por pessoa no país. Com sua capilaridade e a promessa de um produto mais em conta, o Walmart tem potencial para abocanhar parte das receitas das três farmacêuticas líderes na oferta de insulina, Eli Lilly, Sanofi e Novo Nordisk.
Com a marca própria, o Walmart dá mais um passo em sua estratégia para consolidar sua atuação no mercado de saúde. Nesse percurso, a rede já investiu em frentes como a abertura de clínicas de atenção primária, primeiro nos Estados Unidos, a partir de 2020, e agora avançando para países como o México.
Esses esforços também incluem investimentos em aquisições. Em junho de 2020, a varejista comprou os ativos de tecnologia e de propriedade intelectual da CareZone, startup dona de um aplicativo que ajuda os usuários a controlarem o horário de tomarem seus medicamentos.
Já no início de maio deste ano, o Walmart anunciou um acordo para a aquisição da MeMD, startup do estado do Arizona fundada em 2010 e dona de uma plataforma de telemedicina.
Avaliado em US$ 384 bilhões, o Walmart fechou o pregão do dia com suas ações em baixa de 0,58%. No ano, os papéis da varejista acumulam uma desvalorização próxima de 4,7%.
Principal motivo por trás da estratégia de reestruturação do Walmart, a Amazon é outra empresa que está tentando conquistar espaço na área da saúde. Nesse avanço, a companhia já é percebida como uma ameaça, por exemplo, para as grandes redes de farmácias americanas, como Walgreens, CVS e o próprio Walmart.
Fruto de um trabalho de dois anos, sua entrada nesse segmento se deu em novembro de 2020, com o lançamento da Amazon Pharmacy, plataforma online de compra e entrega de medicamentos com prescrição médica, com uma série de descontos. A expectativa é de que a empresa também invista em lojas físicas no setor.
Outra iniciativa da gigante em saúde, no entanto, não vingou. Trata-se da Haven, joint venture formada com a Berkshire Hathaway, gestora de Warren Buffett, e o J.P. Morgan. Criada no início de 2018, também sob o mantra de democratização do acesso ao sistema de saúde, a parceria encerrou suas operações em fevereiro desse ano.