A ABSeed Ventures, fundo de venture capital especializado em investimentos em startups de SaaS (software as a service), quer triplicar a aposta em sua tese. Fundada por Geraldo Melzer e Marcelo Hoffmann, a gestora está começando a captação de seu segundo fundo, que deve ser três vezes maior do que o primeiro.
A meta é chegar a R$ 150 milhões, com o primeiro fechamento previsto para maio – na ocasião, a expectativa é atingir uma captação de 30% a 40% dos recursos previstos. Os investidores devem ser multi-family offices e famílias tradicionais brasileiras.
“Agora, vamos poder liderar mais rodadas com o novo fundo”, afirmou Melzer, com exclusividade ao NeoFeed. “Os mercados global e local de SaaS estão em alta e estamos estrategicamente posicionados para capturar o upside na região.”
No primeiro fundo, de R$ 40 milhões, a ABSeed investiu em dez startups e pode ainda fazer mais um ou dois cheques. No portfólio da gestora estão startups como a Aegro, dona de um software de gestão agrícola; a Conta Simples, uma conta digital para pequenas empresas; a Swap, uma máquina para que as empresas a criem sua própria fintech; e a Asksuite, plataforma online que quer eliminar os intermediários nas reservas dos hotéis, entre outras empresas.
Apesar de mais recursos, a ABSeed não muda a tese. A meta é encontrar startups de SaaS no mercado B2B em fase inicial e com potencial de gerar receita recorrente de forma acelerada. A equipe da gestora participa de forma ativa, ajudando as empresas investidas na estratégia de vendas e marketing.
Um exemplo é a Movidesk, plataforma de helpdesk para gestão e atendimento de clientes fundada pelo empreendedor Donisete Gomes, que recebeu investimento da ABSeed em 2018. Desde então, a sua receita anual recorrente cresceu mais de dez vezes.
No caso da Aegro, de Pedro Dusso, a receita recorrente anual se multiplicou por 26 desde o aporte em 2017. A startup agora se prepara para dar um novo passo, entrando no mundo das fintechs.
Com o novo fundo, a ABSeed pretende investir em até 15 startups e vai aumentar o tamanho médio de seu cheque de R$ 2 milhões para R$ 4 milhões. A ideia é seguir fazendo investimentos seed, mas há a possibilidade de entrar em uma ou duas rodadas séries A.
Metade dos recursos deve ser reservada para follow on – o que não aconteceu no primeiro fundo, em que a proporção ficou em 40% para aportes subsequentes.
Melzer, um ex-executivo da Dell e da RD Station, faz parte de uma família de investidores. Seus dois irmãos também atuam na área. Pedro Melzer é um dos sócios da Igah Ventures (ex-e.bricks ventures que se unir a Joa Ventures). Já Eduardo Melzer, conhecido como Duda, atua na EB Capital, uma gestora de private equity que investe em médias empresas.
Na ABSeed, Melzer montou um time especializado para ajudar no processo de seleção de startups e, depois do aporte, em sua escala. O sócio Hoffmann vem da área jurídica, mas participa ativamente dos deals. Os sócios Felipe Coelho e Franco Zanette atuam em vendas e marketing, ajudando às startups investidas a escalarem. Ambos têm passagem pela RD Station.
A nova captação acontece um momento aquecido no mercado brasileiro de venture capital. Em 2020, as startups brasileiras captaram mais de US$ 3,5 bilhões, segundo o estudo Inside Venture Capital Brasil, realizado pelo hub de inovação Distrito. O volume foi 17% superior ao captado em 2019. Outro recorde foi o número de aportes, que somaram 469 rodadas.
Com a pandemia do novo coronavírus, os investidores ficaram com mais apetite para as teses de tecnologia. O modelo de SaaS se tornou uma referência, mas a preferência recaiu sobre fintechs, que foram as que mais receberam dinheiro em 2020. No total, as startups financeiras levantaram US$ 1,7 bilhão em 2020, em 90 acordos.