Em outubro deste ano, o fundo de private equity Aqua Capital criou a Agrogalaxy, holding que reunia debaixo da mesma estrutura os seus principais ativos de distribuição de insumos agrícolas. A nova empresa já nascia gigante, com faturamento anual estimado em R$ 4,3 bilhões, 81 lojas e presença em nove Estados.

A holding contava ainda com marcas fortes do mundo do agronegócios, que foram sendo compradas, desde 2016, pela Aqua Capital, que tem US$ 650 milhões de ativos sob gestão. Entre elas, estão nomes como Rural Brasil, Agro 100, Agro Ferrari, Grão de Ouro, Sementes Campeã e os ativos da Sementes Fróes e da CDB.

A coleção da Agrogalaxy ganha mais um novo integrante nesta quarta-feira, 4 de novembro. A companhia está anunciando a aquisição da Boa Vista, uma das principais distribuidoras de insumos agrícolas do Mato Grosso do Sul. O valor do negócio não foi revelado e a transação precisa de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

“Essa é uma das várias aquisições que vamos fazer”, disse ao NeoFeed Tomás Romero, sócio da Aqua Capital e responsável pela tese da AgroGalaxy no fundo de private equity. “O nosso intuito é ser uma revenda nacional. Uma parte da expansão será orgânica, outra será via aquisições.”

Com a compra da Boa Vista, o grupo Agrogalaxy acrescenta seis novas lojas localizadas nas principais zonas produtoras do Estado. Elas ficam em Maracaju, Douras, Ponta Porá, Jardim, Rio Brilhante e Sidrolândia. “Temos um plano de expansão agressivo no Mato Grosso do Sul”, diz Romero.

Com a aquisição da Boa Vista, a Agrogalaxy chega a 87 pontos de vendas. Mas o plano é abrir novas lojas no estado. Uma parte delas será da própria Boa Vista. Outra será da Agro 100, marca do portfólio da Aqua Capital. A meta é chegar a 14 revendas até o fim deste ano. “O Mato Grosso do Sul é o quinto estado em produção de grãos e segue crescendo”, afirma Welles Pascoal, CEO da Agrogalaxy, justificando a expansão do grupo pelo estado.

Mas as ambições da Agrogalaxy são muito maiores. A estimativa é chegar ao fim de fevereiro de 2021, quando termina a safra de grãos, com 105 lojas. Atualmente, a Agrogalaxy conta com revendas no Pará, no Maranhão, em Tocantins, em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul, em Goiás, em Minas Gerais, em São Paulo e no Paraná.

Romero não dá detalhes sobre a expansão, mas avisa que não precisa estar em todos os estados brasileiros para ser nacional. O foco, segundo ele, é expandir-se pelas regiões produtoras de grãos.

A Agrogalaxy ainda não conta com presença no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Piauí, quatro estados importantes para a produção de grãos no Brasil. Mas Romero diz há espaço para crescer também nos atuais Estados, aumentando sua presença e ficando mais próximo do agricultor.

“Eles estão comprando empresas de distribuição, melhorando e padronizando a gestão e dando musculatura para ter um conglomerado mais forte e com mais poder de compra”, diz uma fonte do setor do agronegócio, que acompanha a estratégia. “Mas não são os únicos que estão fazendo isso.”

Um desses competidores é também um fundo de private equity que está apostando suas fichas nesse setor, que é altamente fragmentado – estima-se que existe 6 mil distribuidores de insumos agrícolas no País.

Trata-se do Pátria, que, por meio da holding Terraverde, está comprando diversas empresas pelo Brasil, montando uma rede de distribuição de insumos agrícolas, a exemplo da Aqua Capital.

O Pátria começou a investir nesse segmento em 2018, com a compra do grupo Pitangueiras, do Paraná. No ano passado, assumiu o comando da Impacto, com atuação no Mato Grosso. Neste ano, foi a vez da Central Agrícola, com atuação em Rondônia e Mato Grosso. Em julho, adquiriu a Integra através da Produtec, uma das empresas controlada pela Terraverde.

“A estratégia é a mesma: vai comprando empresas com atuação geográfica diferentes e depois padroniza os processos de gestão”, diz a fonte.

Há outros investidores interessados também no setor de distribuição de insumos agrícolas, além da Aqua Capital e do Pátria. A Agro Amazônia, por exemplo, que faturou R$ 1,6 bilhão em 2019, é controlada pelo grupo japonês Sumitomo.

A SinAgro, distribuidora com sede em Goiânia, que fatura mais de R$ 1 bilhão, conta também com investidores internacionais. A indiana de agroquímicos UPL é dona de uma fatia de 45% da empresa desde 2015. E o fundo das Ilhas Maurício Global Capital Fund adquiriu 46% em 2018.

A Aqua Capital é um fundo de private equity fundado em 2009 por Sebastián Popik, que hoje é o managing partner da gestora. Desde então, a Aqua Capital fez mais de 30 investimentos, organizados pelo que a gestora chama de 14 plataformas. Essas empresas contam com 6 mil funcionários e devem gerar mais de R$ 6 bilhões de receita operacional bruta em 2020.

Faz parte do portfólio da Aqua Capital empresas como a Comfrio, operador de logística frigorificada, com 18 centros de distribuição espalhados pelo Brasil; a Grand Cru, varejista especializada em vinhos; Yes, empresas de aditivos para alimentação animal; e Lac Lélo, produtora de queijo localizada em Santa Catarina, entre outros negócios.

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