Trate os outros como gostaria de ser tratado. Para muitos esta é a regra de ouro dos relacionamentos, um mantra da empatia. Talvez nobre, bem intencionado e bonito, mas longe de ser absolutamente correto.

Esta regra pode se tornar uma armadilha perigosa, uma visão prepotente, na medida em que pressupõe que a maneira com que você gosta de ser tratado é a melhor para todos.

Vamos lá, imagine um extremo. E se você for sadomasoquista? Ou imagine algo mais simples: você adora fumar. É seu direito, mas isso não te dá a liberdade de tratar os outros como gosta de ser tratado.

Agora vamos para algo mais humano. Trate os outros como eles gostariam que você os tratasse!

Aí sim! Acredito que agora estamos entrando num princípio mais precioso. Empatia, uma das mais relevantes forças da liderança e da cidadania, necessidade para muitos, coisa para poucos.

Qualquer criança sabe distinguir uma pessoa empática de alguém simpático. Você está sendo observado 24 horas por dia e a sua empatia é a principal característica que estão buscando em você. A boa notícia é que empatia se aprende.

Se empatia é ver o mundo pelos olhos dos outros, enxergar a vida pela visão da outra pessoa, está claro que o primeiro passo da empatia é conhecer o outro. Não queira enxergar o mundo pelos olhos do outro através do seu olhar. Isso é domínio, isso é egoísmo. Coisa de colonizador.

Na sua gestão, invista tempo em conhecer a individualidade, as histórias, os desejos e as ambições. Seja sócio do futuro da pessoa

Na sua gestão, invista tempo em conhecer a individualidade, as histórias, os desejos e as ambições. Seja sócio do futuro da pessoa, do futuro que a pessoa deseja para ela, mas com muito, muito cuidado.

Antes de mais nada, saiba que para isso você precisa chegar na alma da pessoa, onde você estará pisando em solo sagrado. Respeito, profundo respeito, é o mandamento número um. Quebrou a confiança e nunca mais a empatia existirá.

Outro ponto é que você está ouvindo, aprendendo, cuidando. Leve em conta a seguinte frase do admirável escritor americano Stephen Covey: “a maioria das pessoas não escuta com a intenção de compreender, mas de responder”. Você não é empático sendo parte da maioria das pessoas, você precisa ser único.

E, ao aceitar conhecer o outro, o maior desafio é derrubar o preconceito. Não houvesse tantos preconceitos, o mundo seria melhor e a diversidade não seria um objetivo escrito nas maiorias das organizações. “É mais fácil amar a humanidade inteira do que tolerar seu vizinho.” Essa é do escritor russo Fiódor Dostoiévski, clássica, verdadeira demais, chega a doer.

Mas grande parte da nossa intolerância com o vizinho ou o colega de trabalho vem de preconceito. Investimos nada para conhecer, entender, ouvir. Queremos ser empáticos? Ou vamos continuar sendo simpáticos e achando que isso gera compromisso e solidariedade?

É como aprender a tocar um instrumento, aprender um idioma. Apenas praticando se cria a habilidade e esta se transforma em um hábito. Daí a empatia se torna natural e o mundo vai te enxergar também com outros olhos. E vai retribuir à altura.

Estamos vivendo tempos muito desafiadores, talvez os mais difíceis de nossas vidas. Vamos praticar a empatia agora, vamos encarar a realidade e apoiar a vida. Tem alguém esperando pela nossa iniciativa, o mundo está cheio de carência. Não vamos querer estar nos sonhos, a vida é agora. Nunca a linda canção de Belchior foi mais significativa e atual. Viver é melhor que sonhar!

*Leonel Andrade é CEO da CVC Corp e foi CEO da Smiles, Credicard e Losango Financeira. Ele também é membro do Conselho de Administração da BR Distribuidora e da Lojas Marisa. Além disso, faz palestras sobre gestão de pessoas e negócios.

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