A perspectiva de inflação em novo recorde em agosto e a interrupção no fornecimento de gás russo por três dias colocam a Europa no centro das atenções do mercado internacional.
Nesta quarta-feira, 31 de agosto, a agência de estatísticas da União Europeia divulga o índice de preços ao consumidor da Zona do Euro. Em julho, o indicador avançou a 8,9% em base anualizada e, estimam analistas, deve chegar a 9%.
A Alemanha divulgou, nesta terça-feira, 30 de agosto, sua inflação ao consumidor que atingiu, em agosto, 7,9% anualizada, a maior em 40 anos.
Além disso, a Gazprom colocará em manutenção, até 2 de setembro, o principal gasoduto que abastece o bloco via Alemanha, o Nord Stream 1, a partir desta quarta-feira.
A estatal russa, que já reduziu o fornecimento de gás natural à Europa a 20% do volume inicial, informou, na sexta-feira, 19 de agosto, a interrupção temporária das operações. E afirmou, em comunicado, que a cada 1.000 horas de utilização, o equipamento deve entrar em manutenção.
A Gazprom está apertando o certo à Europa. Nesta terça-feira, a companhia decidiu reduzir as entregas de gás à Engie – principal fornecedora de gás francesa – por desacordo entre Rússia e França na execução de contratos.
A Engie informou, à agência France Press, que o fornecimento de gás russo diminuiu consideravelmente desde o início da guerra na Ucrânia, no final de fevereiro.
A França está recebendo 1,5 terawatt-hora (TWh), embora responda pelo uso de 24% do total de 400 TWh fornecidos anualmente à Europa.
A dependência do gás russo agrava a perspectiva para a inflação europeia e fragiliza o euro no câmbio internacional.
A paridade ao dólar foi rompida semanas atrás e restabelecida no fim de semana, após o discurso mais duro de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) que, durante o simpósio de Jackson Hole, sinalizaram um aperto monetário mais prolongado na região.
O euro segue praticamente na paridade, nesta terça-feira, 30 de agosto, a 1,0030 dólares, mas o economista David A. Meier, da Julius Baer alerta que a moeda europeia está debilitada.
Em nota, Meier informa que a evolução dos preços mais pressionados de energia [com impacto na inflação] levou a instituição a prever euro a 0,95 dólares nos próximos três meses e a 1,00 dólar nos próximos 12 meses.
O economista da Julius Baer pondera que, apesar do posicionamento do BCE, a mensagem ainda mais forte de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), de que a política monetária poderá ser ainda mais restritiva nos EUA fortalece o dólar.
Meier afirma que a indicação do Fed de que está disposto a aceitar menor taxa de crescimento econômico, afastou a possibilidade de corte do juro americano antes do final de 2023.
“Ainda esperamos um aumento adicional de 0,75 ponto percentual pelo Fed, para 3,25% até o fim deste ano. E elevamos nossa projeção para alta de juro pelo BCE para mais dois ajustes de 0,50 ponto nas reuniões de setembro e outubro”, afirma.