Em setembro de 2021, a gestora Vinci Partners realizou um movimento no mercado de cosméticos ao adquirir a operação da Farmax, fabricante mineira de itens de saúde, beleza e bem-estar. Os planos traçados para a companhia com sede em Divinópolis (MG) envolviam aumentar a receita líquida de R$ 300 milhões para R$ 1 bilhão até 2026.

Para que essa meta fosse atingida, a fabricante receberia investimentos para reajustar processos internos e para aumentar sua gama de produtos. Depois de escalar a receita no ano passado para R$ 373 milhões, a Farmax agora começa a colocar em prática o seu plano de aquisições.

Na quarta-feira, 8 de fevereiro, a companhia fez seu primeiro M&A após a integração com a Vinci Partners e adquiriu a operação da Negra Rosa, marca de cosméticos e beleza pessoal com produtos voltados para a pele negra.

Os detalhes do acordo não foram revelados, mas, conforme apurado pelo NeoFeed, a totalidade das ações da Negra Rosa foram transferidas para a Farmax.

“O plano de M&A foi estruturado de forma que complementasse os canais, as categorias e as geografias atendidas pela Farmax”, diz Ronaldo Ribeiro, CEO da Farmax. “No caso da Negra Rosa, a gente entendeu que era uma empresa que tinha um portfólio de produtos preparado para atender um público que ainda é pouco assistido pela indústria.”

A caminho da produção própria

Fundada em 2016 em Angra dos Reis (RJ) pela empresária Rosangela Silva, a Negra Rosa conta com uma gama de 60 produtos que vão de maquiagens até cremes capilares. A produção é terceirizada e a venda ocorre em diferentes canais. A maior parte dos produtos é comercializado por revendedoras pessoas físicas, mas a companhia também vende pela internet pelo seu e-commerce próprio e pelo site da Renner.

A empresa não revela números de sua operação, mas diz que a força de vendas é por meio das revendedoras. Com a aquisição, a expectativa é de um aumento na gama de produtos e que parte deles passe a ser produzido pela Farmax e não mais por parceiros terceirizados. “Também estamos pensando em um rebranding da marca”, diz Rosangela.

A principal mudança deverá ser o aumento na distribuição dos produtos. “Temos distribuidores em todos os estados do país e vamos manter essa rede de revendedoras porque essa é uma parte importante do negócio”, diz Ribeiro.

No longo prazo há o plano de levar os produtos da marca para mercados fora do Brasil, em especial no continente africano.

Próximos passos

A aquisição da Negra Rosa é a primeira de uma série de movimentos de compra que a Farmax planeja fazer nos próximos meses. “Devemos fazer pelo menos mais uma ou duas aquisições neste ano”, diz Ribeiro. Os alvos ainda são mantidos sob sigilo, mas a companhia vem aprofundando o olhar para o mercado de produtos capilares e para o setor farmacêutico com medicamentos sem prescrição médica.

Em relação aos valores que são investidos nesses deals, Ribeiro diz que não há uma restrição e cada negócio precisa ser analisado de forma individual. O empresário garante, porém, que além da verba destinada para novos M&As, a companhia pretende investir cerca de R$ 25 milhões para otimizar o negócio e acelerar o crescimento orgânico.

O investimento é pouco maior do que os R$ 20 milhões que foram injetados na Farmax em 2022 e que serviram para que o negócio aumentasse suas vendas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e não ficasse dependente apenas da comercialização no Sudeste. Isso foi feito com a internalização da equipe de vendas, o que consistiu na contratação de 60 pessoas somente desta área.

Ribeiro também explica que o dinheiro investido nos últimos anos foi usado para estruturar áreas de trade marketing e de inteligência comercial do negócio fundado em 1980 e que também é dono das marcas Sunless, Hidraderm, Moskitoff, Vasemax, entre outras. O portfólio completo da empresa conta com mais de 450 produtos.

Fora do Brasil, a Farmax já distribui produtos para três mercados da América do Sul: Paraguai, Panamá e Bolívia. Existe a intenção de aumentar a presença fora do Brasil com novos distribuidores, mas por ora a preocupação maior é o comércio interno. “A região Sul e o estado de São Paulo oferecem um potencial maior de crescimento”, diz Ribeiro.

O aporte interno que será feito neste ano também será utilizado para amplificar diferentes canais de venda. A farmacêutica não revela percentuais, mas diz que a maior parte dos produtos ainda é vendida pelo varejo físico. Há um plano para quintuplicar a presença do e-commerce da companhia nos próximos três anos, mas Ribeiro diz que esse canal ainda representa uma fatia pequena das vendas.

O mercado brasileiro de cosméticos apresenta boas perspectivas para as empresas do setor. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), as vendas de produtos deste segmento somaram R$ 124,5 bilhões em 2021, 1,7% a mais do que no ano anterior. Os dados do ano passado ainda não foram liberados.