Elon Musk não está dirigindo a Tesla de forma adequada. Isso, pelo menos, é o que pensa um grupo de investidores da montadora de carros elétricos. Em uma carta aberta, os investidores estão pedindo para que conselheiros da empresa passem a tomar ações para controlar as decisões de Musk.
A carta é assinada por um grupo que inclui 17 grandes acionistas, incluindo o Escritório de Controladoria da cidade de Nova York, que supervisiona o sistema de pensões de US$ 242 bilhões do município, e as gestoras de ativos Nordea, Nia Impact Capital, NEI Investments, entre outras.
De acordo com o Business Insider, o grupo de investidores detêm pouco mais de US$ 1,5 bilhão em ações da Tesla. Nesta terça-feira, 25 de abril, a montadora estava avaliada em US$ 516,9 bilhões.
No documento, os investidores afirmam que estão preocupados com o fato de que Elon Musk pode estar muito distraído nos últimos meses para conduzir o negócio de forma adequada. Além de ser CEO da Tesla, Musk também é o diretor-executivo da SpaceX e do Twitter.
“Estamos preocupados que o Conselho de Administração não esteja representando adequadamente os interesses dos acionistas da Tesla”, informa a carta. "Os conselhos corporativos podem e devem intervir se um executivo parecer distraído ou excessivamente focado em outros empreendimentos.”
A carta ainda diz que o conselho “permitiu que Elon Musk administrasse várias empresas”, mas que isso levou a “uma incapacidade de abordar as múltiplas questões estratégicas e competitivas enfrentadas pela Tesla”. A solução, segundo o grupo, seria Musk se afastar de uma de suas empresas. No caso, o Twitter.
Em dezembro do ano passado, o bilionário sul-africano afirmou que gostaria de deixar o cargo de diretor-executivo da rede social. Isso só será feito, contudo, caso ele encontre alguém para ocupar seu lugar. Sua função no Twitter com um novo CEO seria, então, dirigir equipes de softwares e de servidores.
“O que queremos na Tesla é um CEO focado em administrar a Tesla", disse Brad Lander, do Escritório de Controladoria da cidade de Nova York, em entrevista à CNBC. “O que estamos procurando é um CEO cujo foco não seja a política, o Twitter ou a SpaceX.”
A Tesla vive um momento delicado em seu negócio nos últimos meses. No primeiro trimestre deste ano, a montadora, ainda que por pouco, não bateu as expectativas de Wall Street e apresentou resultados com margens brutas que caíram significativamente. A receita de US$ 23,33 bilhões foi inferior a de US$ 23,34 bilhões esperada pelo mercado.
O que mais impactou o negócio foi a queda nas margens brutas, que passaram de 29,1% para 19,3% ante o mesmo trimestre de 2022. Essa queda ocorreu após uma série de cortes de preços recentes.
O último deles foi feito nesta terça-feira, horas antes da companhia divulgar seus resultados. O Model 3, o principal veículo da empresa, chegou pela primeira vez a um preço abaixo de US$ 40 mil.
Nos últimos cinco dias, as ações da Tesla tiveram queda próxima de 9%. Ainda assim, a empresa está em ritmo ascendente em 2023, com alta de mais de 50% no valor de seus papéis negociados na Nasdaq desde janeiro.