O Mercado Livre está investindo na plataforma de carros usados Carflix, fundada por Fabio Pinto e Alan Adeia, através de seu fundo de venture capital Meli Fund.
O acordo foi fechado na semana passada e faz parte da rodada série A de R$ 15 milhões na Carflix, divulgada em junho deste ano e liderada pelo BV (ex-Banco Votorantim). A rodada ainda estava aberta e só agora foi concluída com a entrada do Meli Fund.
“A tese do Mercado Livre é de que esse é um mercado grande e que é preciso uma presença offline”, disse Fabio Pinto, CEO da Carflix, com exclusividade ao NeoFeed. O empreendedor diz que ainda está estudando as possíveis sinergias com o Mercado Livre.
Esse é o sétimo aporte do Meli Fund em 2020, seis deles no Brasil. Antes, o fundo de venture capital do Mercado Livre já havia comprado, no País, uma fatia minoritária na startup de logística Kangu. Ele havia participado também das rodadas de aportes de R$ 65 milhões na fintech de crédito BizCapital, em junho, e de R$ 120 milhões na corretora Warren, em julho.
Mais recentemente, o fundo de venture capital do Mercado Livre apostou na insurtech Pier e na startup de compra e venda de imóveis EmCasa. No total, o veículo do Mercado Livre tem um histórico de investimentos em mais de 20 novatas da América Latina, entre eles a brasileira Mandaê, da área de logística.
A Carflix foi fundada no fim de 2017. Apesar do nome, que sugere um modelo Netflix, a startup é um marketplace de carros usados. Seu primeiro aporte institucional foi liderado pelo BR Startups, fundo gerido pela MSW Capital, que investiu R$ 2 milhões na empresa em 2019.
A startup tem um modelo em que faz a inspeção do carro de quem quer vender. Depois, anuncia o veículo em diversos portais, inclusive o Mercado Livre. Quando o carro é vendido, a Carflix cobra uma comissão de 6%. A empresa também tem receita com a venda de financiamentos, garantias adicionais, documentação e seguros.
Apesar de ser um investimento do BV, que tem uma fatia minoritária da Carflix, Pinto assegura que não há exclusividade no financiamento dos carros. “Trabalhamos com os principais bancos”, diz o empreendedor.
A companhia está usando os recursos do aporte em três áreas. Uma delas é o aprimoramento de sua plataforma tecnológica, com o lançamento de recursos como o de vistorias online e de precificação do carros.
A Carflix também planeja sua expansão para outras cidades. Hoje, ela conta com dois “show rooms” em São Paulo. Nesta segunda-feira, 14 de dezembro, a companhia está inaugurando sua presença física em Campinas, a 100 quilômetros de capital paulista.
Em 2021, o plano é chegar a nove cidades. Pinto diz que já está decidida a chegada da startup a Brasília e a Curitiba. As outras cidades não são reveladas. O plano da Carflix é também entrar na área de compra e venda de carros usados. Hoje, a empresa apenas faz a intermediação dos negócios entre vendedor e comprador.
A companhia não divulga dados de seu inventário de carros à venda. De acordo com Pinto, a empresa está vendendo 150 veículos em média por mês. Nesse ano, deve crescer entre 200% e 250% tanto em volume de veículos comercializados, como de movimentação financeira.
No Brasil, a Carflix conta com dois concorrentes, que tem modelos semelhantes. Ambos são investimentos do Softbank. Um deles é a Volanty, na qual o fundo japonês fez um aporte de R$ 70 milhões no ano passado. O outro é a mexicana Kavak, que acaba de chegar ao País.
A startup mexicana já levantou mais de US$ 400 milhões em recursos de fundos de venture capital. Em outubro, se tornou a primeira startup do México a se tornar um unicórnio, como são chamadas as empresas que valem mais de US$ 1 bilhão.
Pinto fundou a Carflix depois de uma longa experiência no setor automobilístico. Ele trabalhou por mais de 10 anos no grupo SHC, do empresário Sergio Habib, cuidando das concessionárias Citroën.
Quando deixou o grupo SHC, ele resolveu estudar as startups tecnológicas de compra e venda de carros para lançar a Carflix.