Num momento em que muitas empresas brasileiras têm desistido da abertura de capital por falta de apetite de investidores, chama a atenção a captação feita pela empresa de private equity EB Capital para o seu Fundo de Investimentos em Participações (FIP) da EB Fibra, sua companhia na área de fibra ótica.
Desde setembro, a empresa de fibra ótica da EB Capital, comandada por Eduardo Sirotsky Melzer, conhecido como Duda Melzer, conseguiu captar um total de R$ 1,5 bilhão em duas tranches. A primeira, com investidores institucionais, brasileiros e estrangeiros, foi de R$ 700 milhões. A segunda, com investidores qualificados, clientes da XP, acaba de sair do forno com um total de R$ 800 milhões.
O total captado até agora já supera ofertas primárias alguns dos principais IPOs que aconteceram neste ano, excluindo-se follow ons. Perde apenas para o da varejista Mateus, que captou R$ 3,04 bilhões. Outras ofertas primárias foram a do Grupo Soma, com R$ 1,34 bilhão; Moura Dubeux, com R$ 1,1 bilhão.
A EB Capital ainda vai buscar mais R$ 500 milhões em uma nova tranche que deve ser concluída até o fim de novembro, o que daria um total de R$ 2 bilhões. Pessoas próximas do negócio afirmam que a empresa conta com uma demanda para essa nova captação que supera duas vezes o book.
“Isso mostra como bons projetos, com uma gestão profissional têm demanda”, diz um executivo do mercado financeiro. Ele se refere à gestão da EB Fibra, que tem como um dos líderes o executivo Pedro Parente, ex-CEO da Petrobras e da BRF, e ex-ministro da Casa Civil na gestão de Fernando Henrique Cardoso.
Na EB Fibra, Parente está revivendo uma dobradinha de sucesso que ele teve com Duda Melzer quando os dois lideraram o processo de transformação do grupo de comunicação RBS. Somam aos dois a sócia Luciana Ribeiro, que preside o conselho de administração da Sumicity, e o outro sócio Fernando Iunes, que trabalhou no Itaú BBA.
Mas, além da gestão profissional e do projeto desenhado pela empresa, o que fez a captação ser um sucesso é também o mercado no qual a companhia está inserida. A pandemia fez da conectividade um serviço essencial. Para os negócios e para o dia-a-dia em tempos de coronavírus, a banda larga tornou-se, guardadas as devidas proporções, como o ar que se respira.
A pandemia fez da conectividade um serviço essencial. Para os negócios e para o dia-a-dia em tempos de coronavírus, a banda larga tornou-se, guardadas as devidas proporções, como o ar que se respira
Setores inteiros foram transformados e acelerados. O e-commerce passou a ser imperativo para qualquer varejista, de pequeno, de médio ou de grande portes. A educação online, o modo de trabalho com as videocalls e outros costumes ganharam novos contornos. E, na ponta de tudo isso, reside a conexão por fibra ótica.
A EB Fibra, que tem sob seu guarda-chuva as marcas Sumicity e Mob Telecom, tem isso muito claro e vai participar do processo de consolidação do mercado. Segundo executivos que conhecem a operação, a empresa está em fase avançada para comprar outras nove empresas.
Esse mercado tem uma peculiaridade. Ao contrário do que acontece em outros setores de telefonia, a liderança não está nas mãos das grandes companhias do segmento, como Vivo, Oi, Claro ou TIM. Neste disputado mercado, outros players soie destacam.
São as pequenas operadoras, que dominam pouco mais de 60% do mercado. Chamadas de “operadoras competitivas”, negócios que brotaram por diversas cidades do País, cabeando municípios de pequeno e médio portes, elas hoje contam com 8,3 milhões de conexões de banda larga fixa com a tecnologia de fibra ótica.
Para entender a dimensão desse número, é só comparar com as principais empresas de telefonia do Brasil. A Vivo tem 3 milhões de conexões. A Oi, 1,9 milhão. A Claro, 412 mil. E a TIM, 267 mil, segundo a consultoria Teleco.
As maiores entre as competitivas são Brisanet, Algar, a EB Fibra e a Vero. Juntas, elas têm cerca de 1,5 milhão de conexões. A EB Fibra, por exemplo, conta com 50 mil quilômetros de fibra ótica e 400 mil assinantes. A meta é chegar a 2 milhões de assinantes até 2025.
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