Economista, escritor, analista de riscos e professor da Universidade de Nova York, o libanês Nassim Nicholas Taleb é uma das vozes mais respeitadas no mercado. E não por acaso. Um dos poucos nomes a prever a crise de 2008, ele é também o criador de conceitos como o Cisne Negro, que se refere a eventos inesperados, raros e com consequências de grandes proporções para pessoas e empresas.
O termo tem sido usado por muitas pessoas para classificar a Covid-19. Seu criador, no entanto, rechaça essa referência. “Algo que você espera que vá acontecer possivelmente não é um cisne negro”, disse Taleb, em sua participação nesta manhã no Expert XP, evento promovido pela XP Inc.
Para justificar essa posição, ele ressaltou inicialmente a série de surtos desse porte no decorrer da história. “Já sabemos há muitos anos que houve e haverá pandemias”, afirmou, acrescentando que, atualmente, a maior comunicação entre as pessoas e países só amplia esse risco. “Nenhum outro momento da história é tão fértil para esses acontecimentos como o que vivemos agora.”
Em outro argumento, Taleb destacou que, em janeiro, antes da Covid-19 se alastrar pelo mundo, já havia sinais claros dos riscos e dos possíveis impactos da pandemia. E que os governos poderiam ter evitado essas consequências com mecanismos simples, baratos e disponíveis, como o uso de máscaras, para evitar a disseminação do vírus.
Nesse contexto, ele criticou ainda iniciativas como o fechamento das fronteiras dos Estados Unidos para a China. “Ao mesmo tempo, as fronteiras estavam abertas para outros países”, disse Taleb, antes de chamar o Centro de Prevenção e Controles de Doenças do país (CDC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) de incompetentes. “Houve muita incompetência e isso custou muito caro.”
Já em termos de conselhos para investidores, Taleb voltou a defender sua tese da necessidade de se ter carteiras que combinam uma boa parcela de ativos de menor risco, que funcionam como proteção, com uma pequena fração de investimentos mais agressivos, com maior possibilidade de ganhos.
Em outro ponto, ele chamou atenção para a necessidade de mais pessoas buscarem o empreendedorismo. E também da consolidação de ambientes mais propícios para apoiar iniciativas na área, especialmente quando elas fracassam.
“Os Estados Unidos e, em especial, o Vale do Silício têm as taxas de falência mais altas do mundo, mas o país tem uma estrutura que permite e valoriza isso”, disse. Ele afirmou ainda que os governos precisam estimular seus empreendedores e protegê-los quando eles falharem. E tratá-los como soldados que dão a vida por seus países em uma guerra.
“Um empreendedor que falha também ajuda o ecossistema”, observou. “Ao mesmo tempo, precisamos de pessoas que tenham apetite para errar. Mas errar cedo e não esperar ter 60 anos para isso.”
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