Em agosto do ano passado, a Cosan surpreendeu o mercado ao anunciar uma joint venture com o fundador e controlador da Aura Minerals, Paulo Brito, para atuar no setor de mineração. Por conta do acordo, a companhia fechou a aquisição de um projeto para um porto em São Luís, no Maranhão, por R$ 720 milhões.
Além de marcar a chegada da empresa de Rubens Ometto a um setor em que não tinha atuação, o investimento representou o nascimento da Cosan Investimentos, vertical que busca novas oportunidades de negócios para o grupo.
A ideia é que essa frente invista em empresas e projetos que complementem o portfólio da empresa em energia e logística, e que também capturem ganhos dos diferenciais competitivos brasileiros, como é o caso da mineração.
E nesta quinta-feira, dia 26, pouco menos de um ano desde o surgimento desse braço, a Cosan apresentou aos investidores os primeiros resultados da iniciativa, que já tem R$ 2,5 bilhões investidos ou comprometidos em cinco empreendimentos.
“A Cosan Investimentos nos deu flexibilidade para realizar investimentos alinhados com nossas competências e negócios que consideramos fundamentais”, afirmou o vice-presidente de estratégia da Cosan, Marcelo Martins, a jornalistas, após o Cosan Day, evento com investidores que ocorreu nesta quinta-feira, dia 26 de maio.
Segundo o executivo, a expectativa é de que essas iniciativas possam ganhar corpo no médio e longo prazo, eventualmente se tornando fundamentais para o futuro da empresa. “A partir do momento em que elas ganharem relevância, e a gente veja sustentabilidade de longo prazo, elas podem se tornar verticais sim”, afirmou.
Na apresentação a investidores, Leonardo Pontes, CEO da Cosan Investimentos, mostrou em que pé estão os investimentos e seus primeiros resultados. No caso da joint venture de mineração, que ganhou o nome de Ligga, a Cosan já tem as licenças aprovadas para a construção do porto para escoar a produção de três projetos localizados no Pará.
Ele também citou um investimento realizado em hidrogênio para uso como combustível. Segundo Pontes, a Cosan Investimentos fechou um compromisso de realizar um aporte de US$ 25 milhões na empresa de venture capital Fifith Wall para explorar tecnologias e soluções viabilizem o uso do elemento químico como combustível.
Segundo Pontes, a companhia deve anunciar nas próximas semanas um acordo nessa área, sem oferecer mais detalhes. “O grande objetivo nesta frente é estar à frente da curva, com base no nosso portfólio”, afirmou.
Outra área que a Cosan está investindo é em gestão de terras no Brasil, por meio de uma companhia chamada Radar, que já detém 92 mil hectares em três Estados, com R$ 3,9 bilhões em valor de mercado.
Além de deter terras produtivas, a Cosan espera colher, via Radar, ganhos nos mercados de crédito de carbono. “Vemos o Brasil sendo epicentro dessa iniciativa e a gente está se posicionando para tomar proveito disso”, afirmou Pontes.
A Cosan Investimentos também realizou aportes na fintech Payly, que originalmente atuava com capital de giro, mas que está olhando novas aplicações de serviços financeiros. O grupo enxergou na startup um encaixe ideal para a Raízen, diante da possibilidade de oferecer, por exemplo, antecipação de recebíveis para donos de postos de combustíveis.
O braço de investimentos também tem participação na Trizy, um marketplace que conecta embarcadores e transportadores e tem cerca de 115 mil caminhoneiros ativos inscritos.
Por volta das 15h25, as ações da Cosan registravam alta de 6,79%, a R$ 21,39, acumulando queda de 2,4% no ano e levando o valor de mercado da empresa a R$ 40 bilhões.