Dono do maior fundo de tecnologia do mundo e conhecido pelo seu apetite por investimentos no setor, o Softbank anunciou hoje que seu Conselho de Administração aprovou a venda de até 4,5 trilhões (US$ 41 bilhões) em ativos.
Com os recursos captados na estratégia de desinvestimentos, o grupo japonês planeja destinar até US$ 2 trilhões de ienes (US$ 18 bilhões) à recompra de ações, além do pagamento de dívidas, recompra de títulos e aumento de reservas de caixa. No fim de 2019, a empresa contabilizava uma dívida de 19 trilhões de ienes (US$ 173 bilhões).
Atualmente, a companhia tem mais de 27 trilhões de ienes (US$ 245 bilhões) em ativos e 1,7 trilhão de ienes (US$ 15 bilhões) em caixa. Segundo a companhia, as medidas anunciadas hoje serão executadas nos próximos quatro trimestres.
“Este programa será a maior recompra de ações e resultará no maior aumento no saldo de caixa na história do Softbank, refletindo a confiança firme e inabalável que temos em nossos negócios”, afirmou, em comunicado, Masayoshi Son, presidente e CEO do Softbank. “Isso nos permitirá fortalecer nosso balanço, reduzindo significativamente a dívida”, completou ele, destacando que a venda dos ativos representa menos de 20% do valor atual da empresa.
O novo plano complementa o programa de recompra de ações anunciado pelo grupo no dia 13 de março, no valor de 500 bilhões de ienes (US$ 4,5 bilhões). E tem como um de seus gatilhos a percepção, por parte do grupo, de que suas ações estão “substancialmente subvalorizadas”.
Segundo o comunicado, no fim da semana passada, os papéis eram negociados com um desconto de “73% em relação ao seu valor intrínseco”. Com o anúncio, as ações do Softbank fecharam o pregão na Bolsa de Tóquio com uma alta de 18,61%.
O grupo não citou quais ativos estariam envolvidos no plano. Mas analistas acreditam o Softbank possa se desfazer de uma parte da participação que mantém no Alibaba. No fim do ano, a fatia da companhia era avaliada em US$ 146 bilhões.
As medidas divulgadas vão ao encontro da pressão exercida por investidores como o fundo ativista Elliott Management, que detém cerca de 3% de participação no grupo japonês e vinha defendendo maior transparência e governança corporativa nas operações detidas pelo Softbank, bem como a recompra de ações, no valor entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões.
O pano de fundo para a desvalorização das ações e os questionamentos dos investidores é o ceticismo do mercado diante das perspectivas de alguns ativos do portfólio do Softbank. Entre eles, a Uber e a WeWork.
Avaliada em US$ 82 bilhões em sua abertura de capital, realizada em maio, a Uber patina desde então e hoje vale US$ 36,7 bilhões. Já a startup de escritórios compartilhados foi obrigada a cancelar seu IPO no fim de 2019, em meio a resultados deficitários e sérios problemas de governança corporativa. E de lá para cá mergulhou em uma espiral de dificuldades financeiras.
As medidas também reforçam uma mudança na abordagem do Softbank, antes conhecido por injetar recursos bilionários em startups de todo o mundo, incluindo o Brasil e a América Latina. Se antes, o único objetivo parecia ser o estímulo ao crescimento a qualquer custo, agora, ao que tudo indica, é tempo de frear esse ímpeto, arrumar a casa e proteger o que for possível.
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