Com uma valorização sem precedentes, o bitcoin começou a chamar a atenção de muitos que nunca haviam sequer cogitado investir em criptoativos. Afinal, após superar o patamar de US$ 50 mil, a criptomoeda continua sendo comercializada a US$ 48 mil nesta terça-feira, 23 de fevereiro.
Mas é preciso atenção ao negociar o criptoativo. O alerta foi feito por Bill Gates, a terceira pessoa mais rica do mundo, e por Janet Yellen, secretária do Tesouro dos Estados Unidos. Ambos não são grandes fãs de bitcoin e apontam o que consideram problemas sérios.
Em entrevista à Bloomberg, Gates afirmou que não vê a valorização com otimismo principalmente por questões ambientais. Segundo ele, a quantidade de energia consumida nas transações com a criptomoeda é enorme. Recentemente, o bilionário tem se dedicado a combater as mudanças climáticas e seu livro mais recente oferece um caminho para reduzir as emissões de gases poluentes.
A mineração de bitcoin exige a resolução de equações matemáticas complexas, feitas por computadores poderosos. De acordo com o site Digiconomist, a pegada de carbono anual dessas operações é equivalente a da Nova Zelândia, ou igual ao consumo de energia elétrica do Chile.
Janet Yellen, a primeira mulher a ocupar o cargo de secretária do tesouro nos Estados Unidos, também critica os gastos com energia, mas sua maior preocupação é com o potencial da criptomoeda para ser usada de forma ilegal.
"Não acredito que bitcoin seja amplamente utilizado como mecanismo de transações", afirmou Yellen à rede CNBC. "Por isso, temo que seja usada para fins ilegais".
Gates também se diz preocupado com o aspecto anônimo das transações com bitcoin. “A Gates Foundation faz muito em termos de moedas digitais, mas são transações em que sabemos quais são as pessoas envolvidas”, afirmou o bilionário.
Ambos ainda apontaram a extrema volatilidade como outro fator que demanda cuidado. “Me preocupo com as perdas que os investidores podem sofrer”, afirmou Yellen. Gates foi mais incisivo. “Se você tem uma fortuna menor que a de Elon Musk, você provavelmente deveria ter cuidado.”
Elon Musk esteve no centro da recente valorização do bitcoin. Primeiro, fez alguns posts em seu Twitter sobre o criptoativo que fizeram os preços saltarem. Na sequência, sua empresa, Tesla, anunciou a compra de US$ 1,5 bilhão em bitcoin e espera aceitar a criptomoeda como pagamento no futuro próximo.
Outras empresas, como MicroStrategy, PayPal, Mastercard e Square, do cofundador e CEO do Twitter Jack Dorsey, também olham com atenção crescente para as moedas virtuais. Para analistas, essa movimentação é só o começo de uma mudança duradoura motivada pelo potencial variado de aplicações que os criptoativos têm.