Durante o ano passado, a Amazon faturou US$ 31 bilhões com publicidade, atrás apenas de Google e Facebook. Somente no quarto trimestre, o montante foi 32% maior do que o registrado um ano antes. Mas essa cifra deve ser baixa perto da receita que a companhia pode reportar na área em seus próximos balanços. E uma das principais apostas para esses ganhos está nos esportes.
Nos últimos meses, a Amazon firmou um acordo em que terá exclusividade na transmissão de partidas noturnas de quinta-feira da NFL. Nas próximas 11 temporadas, os jogos do "Thursday Night Football", como é chamado o principal jogo de quinta-feira na liga, serão transmitidos somente pelo Prime Video, o serviço de streaming da companhia.
Para efeito de comparação, seria o equivalente a companhia garantir os direitos exclusivos de transmissão de jogos do futebol brasileiro exibidos na quarta-feira e que normalmente são transmitidos por emissoras abertas. Quem quisesse acompanhar o time, teria que fazer uma assinatura de streaming.
No acordo com a NFL, a Amazon terá que pagar US$ 11 bilhões para a liga norte-americana. O valor é alto num primeiro momento, mas pode representar uma pechincha perto dos ganhos potenciais, já que a companhia poderá vender os espaços da cobertura a anunciantes.
Ainda não há como saber os valores exatos que a Amazon vai embolsar com sua aposta no futebol americano. O que se sabe até agora, conforme reportado pelo portal Ad Age, é que as negociações para a veiculação de anúncios estavam 20% mais caras do que o habitual. Já os patrocínios estavam custando a partir de US$ 30 milhões.
Para conseguir negociar valores mais elevados, a Amazon se apoia em estudos que apontam que o público que acompanha esportes ao vivo, por streaming, deve aumentar 71% entre 2021 e 2025, chegando a 107 milhões de pessoas somente nos EUA.
Vale lembrar que a Amazon já observou esse crescimento na prática. Quando passou a transmitir os jogos da Premier League, o principal campeonato inglês de futebol, a companhia registrou um aumento de 635 mil assinaturas no Prime Video do Reino Unido em apenas um trimestre. Ao todo, são mais de 200 milhões de assinantes no serviço.
Mais do que apenas ter mais conteúdo para atrair anunciantes, a estratégia da Amazon com esse olhar mais apurado para os esportes envolve uma conexão com diferentes braços de seu negócio.
A página principal da Amazon vai guiar os consumidores aos jogos semanais, que serão transmitidos no Prime Video através dos navegadores ou de aplicativos. Ao mesmo tempo, a companhia vai exibir anúncios dentro dos jogos, o que poderá levar os torcedores de volta ao seu e-commerce.
Tudo isso, além de gerar receita adicional com vendas de produtos, vai permitir que a companhia americana colete dados sobre o hábito de consumo dos telespectadores.
Além da NFL e da Premier League, a Amazon também tem acordos para a transmissão de algumas ligas de futebol. No Brasil, a companhia firmou acordos de sublicenciamento com a Globo, permitindo que a empresa americana possa transmitir jogos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil de futebol masculino.
Fora da modalidade, a Amazon vai trazer lutas de MMA para o Prime Video por meio de um acordo feito com a One Championship, uma das organizações que gerencia a categoria. A companhia também entrou no beisebol com a transmissão exclusiva de 21 jogos da equipe New York Yankees.
O próximo alvo pode ser o basquete americano, mas as negociações sobre direitos de transmissão da NBA só começam daqui a dois anos.
A gigante de Seattle não é a única de olho nos direitos esportivos de diferentes ligas e esportes. A Disney deve desembolsar algo em torno de US$ 10 bilhões por ano no segmento. Já a DirecTV paga US$ 2,5 bilhões por temporada para a transmissão dos jogos de domingo da NFL – que tem uma audiência consideravelmente maior do que as partidas de quinta-feira.
A Amazon só divulgou as cifras que obtém com publicidade em seu último balanço anual, divulgado no começo deste ano. Os números surpreenderam analistas. A consultoria eMarketer, por exemplo, estimava uma receita anual de US$ 24,4 bilhões da empresa com propaganda no período.
Chamada de Amazon Ads, a divisão já movimenta mais recursos do que as áreas de publicidade de outros players. O YouTube gerou US$ 28,8 bilhões no segmento em 2021, enquanto a Microsoft faturou pouco mais de US$ 10 bilhões com anúncios no período.
Ainda assim, é preciso destacar que a unidade representa uma fatia pequena do bolo da Amazon. O faturamento da divisão respondeu por apenas 6,6% da receita total de US$ 469,8 bilhões da companhia no ano passado. Mas já se equipara a outros negócios importantes, como os serviços de assinatura da empresa, reunidos sob a bandeira Prime, cuja receita foi de US$ 31,7 bilhões.